Prevista para 20 milhões de toneladas, a colheita fica em 15 milhões neste ano.
Os gaúchos se prepararam para uma produção de 123 milhões de toneladas de soja nas últimas seis safras. Pelo menos esse era o potencial produtivo dentro de condições normais de produtividade e área semeada. O resultado final, porém, foi altamente decepcionante, e a produção ficou em apenas 89 milhões, uma queda de 28% em relação ao que era esperado.
A frustração continua e aparece novamente nos dados desta terça-feira (11/3) da Emater/RS-Ascar. O Rio Grande do Sul semeou 6,73 milhões de hectares, esperando uma produção de pelo menos 20 milhões de toneladas em 2024/25. Os novos números da Emater, no entanto, indicam apenas 15,1 milhões.
É a quarta quebra intensa de safra nas últimas seis. O clima não tem sido muito amigável com os gaúchos, que passaram por seca intensa, chuvas torrenciais e enchentes. Na safra 2021/22, a estimativa inicial da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) era de uma produção de 21 milhões de toneladas da oleaginosa. O resultado foi uma colheita de apenas 9,1 milhões.
A quebra a safra 2024/25 tem vários fatores agravantes. Além da menor produção, os produtores recebem menos pela soja, que está com preços em queda em relação aos anos anteriores. Na semana passada, a saca era negociada a R$ 126,95, segundo a Emater. Na média das safras de 2020 a 2024, o preço médio foi de R$ 148 nos meses de março.
Os custos dos insumos aumentaram depois da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, as enchentes do ano passado prejudicaram o solo em muitas regiões do estado, elevando os custos dos produtores.
Com mais uma quebra de safra no Rio Grande do Sul, a colheita recorde de 170 milhões de toneladas de soja prevista inicialmente para o Brasil vai encolhendo cada vez mais devido ao clima.
A safra de grãos de verão dos gaúchos fica bem distante do que eles esperavam. Vão colher, pelos números atuais, 28 milhões de toneladas de grãos, 20% a menos do que estava previsto. O arroz terá produção de 8,13 milhões de toneladas, 1% acima do que era esperado, mas, além de soja, feijão e milho também terão safras menores neste ano.
O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que estimou a safra brasileira em 169 milhões de toneladas nesta terça-feira, vai acabar ajustando esse número para um volume menor nas próximas estimativas (Folha)
Seca deve provocar redução de 17,4% na safra de soja do RS
Avaliação é da Emater/RS. Prejuízo para a economia do Estado pode passar de R$ 14 bilhões.
A seca que afeta as lavouras de verão deve causar uma quebra de 17,4% na colheita de soja do Rio Grande do Sul na safra 2024/25. Com a área plantada praticamente estável em 6,7 milhões de hectares, a produção esperada é de 15 milhões de toneladas. No ciclo 2023/24, foram 18,2 milhões. A estimativa foi apresentada nesta terça-feira (11/3) pela Emater-RS durante a Expodireto Cotrijal em Não-Me-Toque (RS). As perdas para a economia do Estado podem passar de R$ 14 bilhões.
A produtividade das lavouras é prevista em 2,2 toneladas (37,33 sacas) por hectare, uma quebra de 20,3% em relação à safra anterior. As regiões mais afetadas estão no oeste e sul do Rio Grande do Sul, explica Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater-RS. “No leste gaúcho, onde choveu com mais regularidade, temos áreas que terão produção até acima da média, mas no oeste temos várias lavouras que terão sua colheita até inviabilizada”, afirmou.
Os dados também mostram uma forte queda 30% em relação à estimativa inicial de safra da Emater-RS, divulgada no começo da temporada, em 2024. Na ocasião, a previsão era de uma colheita de 21,6 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul.
Contabilizando as demais culturas de verão (milho, arroz e feijão), a Emater-RS estima uma produção de grãos de 28 milhões de toneladas na safra 2024/25. O volume representa uma queda de 6,6% em relação à estimativa inicial da safra (35 milhões de toneladas) e de 6,6% em comparação com a colheita de 2023/24 (30 milhões de toneladas).
A queda da safra total é puxada pela soja. No milho, a Emater-RS prevê aumento de 6,1% na produção em relação a 2023/24, para 4,78 milhões de toneladas. No entanto, em relação à estimativa inicial de 5,3 milhões de toneladas, a quebra é de 10,2%.
No arroz, a Emater manteve as estimativas do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga-RS) de uma colheita de 8,12 milhões de toneladas, um crescimento de 12,9% em relação a 2023/24 e de 1,1% ante previsão inicial da safra. “O arroz é uma lavoura estável e irrigada, com disponibilidade hídrica. Portanto, quando ocorre aumento de área plantada (que nesta safra foi de 7,8%, para 970 mil hectares), geralmente também cresce a produção”, comentou.
Perda bilionária
As perdas financeiras na economia gaúcha com a quebra da safra da soja podem chegar a R$ 13,5 bilhões, informou Baldissera. “Se incluirmos outras culturas, esse valor pode subir para R$ 14 bilhões.”
Um dos produtores afetados é Marcos Pedrotti, de Sarandi (RS). Em sua área de 85 hectares, a colheita da soja deve começar na próxima semana. Ele já estima uma perda de 35% a 40% na produção. “Em um ano normal, deveria colher 65 a 70 sacas para hectare, mas nesta safra devemos colher 25 sacas a menos”, explicou.
Não é apenas a produção agrícola que está sofrendo na região de Sarandi. Pedrotti lamenta que em muitas comunidades do interior o abastecimento de água já está sendo realizado por caminhões pipa. O produtor afirma que conta com o seguro do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e que conseguiu manter as dívidas em dia, mas a produção menor e o baixo preço da soja já preocupa as finanças ao longo do ano.
Atualmente, segundo a Defesa Civil gaúcha, 211 municípios do Estado estão em situação de emergência devido à estiagem. Presente na apresentação das estimativas da Emater-RS, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, afirmou que o Estado está vivendo um novo evento climático dramático, que gera perda de renda e desaquece a economia local.
“A estiagem vai piorar o acúmulo de endividamento dos produtores, o que torna urgente discutirmos a renegociação desses valores. O prejuízo que o Rio Grande do Sul está tendo é gigantesco, e as soluções já apresentadas não são suficientes”, afirmou.
Na sexta-feira (14/3), a Expodireto Cotrijal vai receber uma audiência Pública do Senado Federal, que irá discutir a renegociação das dívidas dos produtores gaúchos afetados pelos eventos climáticos nos últimos anos (Globo Rural)