Em tempos de gripe aviária, só frango e soja devem terminar maio com alta de preços no campo. É um mês com tendência de desaceleração, e a queda deverá chegar à inflação nas próximas semanas.
O embargo à carne brasileira de frango, feito por 23 países e pela União Europeia, poderá reduzir em 210 mil toneladas as exportações do Brasil, em 30 dias. Isso se os importadores deixarem de compra volume semelhante ao que adquiriram em abril.
O presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) acredita, no entanto, que esse volume gire de 50 mil a 100 mil toneladas. Na avaliação dele, parte dessa carne será direcionada para outros mercados ou para outras finalidades internamente.
O quilo do frango congelado está em R$ 8,65% no atacado no estado de São Paulo. Nesta terça-feira (27/5), a proteína voltou a subir e, mantido esse ritmo, deverá fechar o mês com alta superior a 1%. Com a possibilidade de menor exportação, o mercado apostava em queda imediata dos preços.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que aponta retração de preços nas outras proteínas. A arroba de boi, que está em R$ 301, perde 5,5% no preço, em relação aos valores do final de abril. Neste mesmo período, o suíno caiu 3% na granja.
Apesar do bom volume das exportações, a demanda interna por essas duas proteínas não absorve toda a carne colocada no mercado, segundo analistas do Cepea.
Dois cereais se destacam nesta desaceleração de preços. A saca de milho recuou para R$ 71,24 na região de Campinas, perdendo 11%, em relação ao valor de abril. Outro produto que mantém tendência contínua de queda é o arroz. A saca caiu para R$ 72,61 no campo, com perda de 4,4% em maio.
O feijão está com retração de 3,4% em regiões do Paraná, e o preço do trigo é comercializado a R$ 1.547 por tonelada no mesmo estado, acumulando recuo de 1,6%.
Os ovos, após a disparada de preços no final de 2024 e início de 2025, têm valores mais acomodados. A caixa com 30 dúzias caiu para R$ 173 em Bastos (SP), 5,3% a menos no mês. A laranja, também após atingir preços recordes, superiores a R$ 100 por caixa, voltou para R$ 45 neste mês, 3,4% a menos do que no final de abril.
As maiores quedas de preço no campo, no entanto, estão no café. A saca do tipo robusta recuou 13% neste mês, e a de arábica, 7,4%. A chegada da safra faz o preço cair no campo, mas não é o que acontece nos supermercados.
A soja foi o único produto que acompanhou o frango, subindo 1%. Em maio, as exportações da oleaginosa deverão atingir 13,5 milhões de toneladas, o segundo maior volume mensal do ano. Os dados são da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), com base nos embarques programados para o mês.
Os preços nos supermercados já refletem a tendência de baixa dos produtos no campo. É o que ocorre com arroz, feijão e ovos. Café e carnes, porém, ainda estão em alta, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). A instituição compara os preços médios dos últimos 30 dias _até a terceira semana deste mês_, em relação aos de igual período imediatamente anterior (Folha)