Exportações de México, Canadá, China e UE para os EUA somam US$ 130 bi; importações, US$ 97 bi.
Donald Trump iniciou sua guerra tarifária com calibre grosso, mostrando as garras exatamente contra os grandes parceiros comerciais. Produtos agropecuários não escapam das imposições tarifárias. Com isso, a desestabilização na estrutura comercial a ser provocada pelos Estados Unidos afeta o setor no mundo.
De cara, são três países com medidas de retaliação definidas: Canadá, China e México. Canadá e México tiveram as tarifas suspensas por um mês. Já a União Europeia está na iminência de entrar nessa lista. As transações comerciais entre essas quatro regiões e os Estados Unidos envolvem US$ 227 bilhões em produtos agropecuários.
Os Estados Unidos exportaram US$ 97,1 bilhões para esse grupo de países no ano fiscal de 2024 e importaram US$ 129,9 bilhões.
E o Brasil, como fica nesse cenário? Primeiro, o país não está isento da fúria do novo presidente dos Estados Unidos. Tendo de pagar dívidas com os grandes apoiadores de sua campanha, muitos deles ligados ao agronegócio, os produtos brasileiros também entram na mira.
O Brasil vem ganhando espaço no comércio americano e já é o quarto maior exportador de produtos agrícolas para o país. México e Canadá lideram. Em 2024, foram US$ 7,3 bilhões. Incluídos produtos relacionados ao agronegócio, essa soma vai para US$ 9 bilhões.
Na lista de produtos constantemente ameaçados pelos americanos estão etanol e carne bovina. Quanto ao etanol, os Estados Unidos não aceitam a tarifa de importação brasileira, mas também não querem rever a que colocam no açúcar.
Com relação à carne bovina, o Brasil já tem uma taxa de 26,4%, após esgotada uma cota livre de tarifa que o país divide com outros dez exportadores. Mesmo com a tarifa, o Brasil continua ampliando presença no mercado dos Estados Unidos. Em 2024, o país obteve receitas de US$ 1,35 bilhão com essa proteína nos EUA, 59% a mais do que em 2023.
O Brasil pode até ganhar mercado de produtos americanos em países onde vão vigorar as tarifas, mas o grande perdedor será o consumidor americano. As tarifas impostas pelos Estados Unidos e as contrapartidas que virão dos parceiros comerciais passam pelos produtos alimentícios. Os consumidores pagarão mais por eles, e os produtores agrícolas americanos terão custos maiores e redução nas exportações.
O México é o principal mercado para os produtos agropecuários dos EUA, que exportam US$ 30 bilhões e importam US$ 48 bilhões do vizinho latino-americano. Os americanos mandam grãos e proteína animal e compram frutas e vegetais frescos e industrializados.
O Canadá, segundo na lista da origem das importações dos Estados Unidos no setor de produtos agropecuários, forneceu US$ 41 bilhões aos americanos. Os canadenses são importantes em cereais, produtos de panificação e óleos vegetais, além de madeira para construção e fertilizantes.
A relação com os chineses é favorável aos americanos no campo do agronegócio. Exportam US$ 26 bilhões e importam US$ 5,7 bilhões. Mandam soja, milho e carnes e importam frutos do mar.
A União Europeia exportou US$ 35,6 bilhões em produtos agrícolas para os EUA no ano fiscal de 2024, mas importou apenas US$ 12,4 bilhões. Vinhos, produtos lácteos e panificados fazem parte da lista das compras dos americanos (Folha)