Safra brasileira deve crescer 5,8% em 2025, diz 1ª projeção do IBGE

Instituto afirma que possível retomada da produção é importante para controlar inflação e aumentar exportações.

A safra brasileira de grãos deve alcançar 311 milhões de toneladas em 2025, aponta a primeira estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a temporada, divulgada nesta quinta (14).

Caso a projeção se confirme, a produção terá um aumento de 5,8% em relação a 2024 –ou 17,2 milhões de toneladas a mais.

Para este ano, o instituto prevê safra de 293,8 milhões de toneladas, 6,9% menor do que o recorde obtido em 2023 (315,4 milhões de toneladas).

Carlos Barradas, gerente do LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), disse que, em 2024, a produção enfrentou uma série de problemas climáticos.

Nesse sentido, o técnico do IBGE chamou atenção para as fortes chuvas e as enchentes de abril e maio no Rio Grande do Sul, o que retirou da safra brasileira em torno de 5 milhões de toneladas de grãos.

“Para 2025, embora os preços dos principais produtos não estejam apresentando uma boa rentabilidade, se tivermos um clima se comportando próximo a uma normalidade esperada, com as lavouras apresentando uma boa produtividade, teremos uma recuperação da safra brasileira, o que é importante para o controle da inflação e para o aumento das exportações”, afirmou Barradas em nota divulgada pelo IBGE.

Na reta final deste ano, os preços dos alimentos voltaram a pressionar o bolso dos consumidores, após período de trégua no Brasil. O aumento está associado a itens como as carnes. Grãos como soja e milho servem de insumos para a alimentação animal.

De acordo com o instituto, a projeção de alta na safra em 2025 se deve, principalmente, ao crescimento esperado para a soja (10,9%), milho 1ª safra (9,1%), arroz (6%) e feijão 1ª safra (18,1%).

No sentido oposto, o algodão herbáceo em caroço e o milho 2ª safra devem ter quedas de 0,7% e de 1,8%, respectivamente.

Com o aumento esperado de 10,9%, a soja deve totalizar 160,2 milhões de toneladas no próximo ano, o que caracterizaria um novo recorde na produção nacional da leguminosa, superando 2023.

O IBGE afirma que a safra de grãos em 2025 deve crescer em 12 estados. São os casos de Paraná (13,6%), Rio Grande do Sul (12,4%), Mato Grosso do Sul (24,1%), Minas Gerais (5%), Goiás (2%), Bahia (3,8%), São Paulo (16,3), Tocantins (0,3%), Santa Catarina (3,7%), Piauí (2,3%), Rondônia (10,6%) e Sergipe (0,3%).

O órgão, por outro lado, espera declínio na produção de Mato Grosso (-0,6%), destaque do agronegócio brasileiro, Maranhão (-0,1%) e Pará (-13,3%).

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por sua vez, divulgou nesta quinta sua segunda estimativa para a próxima safra de grãos.

O órgão projeta produção de 322,53 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% na comparação com o resultado obtido no último ciclo. Isso representaria cerca de 24,6 milhões de toneladas a mais.

“O crescimento reflete uma estimativa de elevação na área plantada e uma expectativa de recuperação na produtividade média das lavouras no país”, disse a Conab.

O IBGE atravessa crise interna que ganhou evidência em setembro, quando o sindicato dos servidores da instituição passou a organizar protestos contra medidas da gestão do presidente Marcio Pochmann.

Uma das iniciativas que irritaram os funcionários foi a criação de fundação vinculada ao instituto, a IBGE+, que poderá fazer pesquisas para órgãos públicos ou privados. Servidores reclamam de falta de diálogo na elaboração do projeto, apelidado de “IBGE paralelo”.

Em entrevista nesta quinta, Pochmann disse que as críticas são “naturais”. Segundo ele, no âmbito da fundação, há um diálogo com a Caixa Econômica Federal para eventuais parcerias.

“São naturais as manifestações do sindicato, dos colegas, porque se trata de um instrumento inovador [IBGE+]. Toda inovação tem, certamente, questões a serem melhor identificadas”, afirmou o economista no Rio.

Outro projeto contestado foi o plano de mudança dos servidores que atuam em um prédio alugado pelo IBGE na avenida Chile, no centro da cidade, para um imóvel do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) no Horto, na zona sul. O novo endereço é considerado de difícil acesso via transporte público.

Pochmann disse nesta quinta que a possível ida para o Serpro seria temporária. A ideia, segundo ele, é economizar com aluguel e, mais tarde, levar funcionários da avenida Chile para um endereço próprio do IBGE, a ser reformado na rua General Canabarro, também no Rio (Folha)

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