O papel da reprodução na pecuária de corte

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é reconhecida por melhorar os índices de produção dos rebanhos e acelerar programas de incremento genético

Com um rebanho composto por mais de 200 milhões de bovinos e exportações da ordem de 2,3 milhões de toneladas ao ano, a pecuária nacional segue contribuindo de maneira significativa com o agronegócio brasileiro. Estimulado pela crescente demanda mundial por proteína animal, o setor investe, cada vez mais em estratégias que proporcionem mais sustentabilidade, eficiência e rentabilidade para as fazendas.

Um dos pilares fundamentais da pecuária de corte é a reprodução. No sistema de produção de bovinos, o ciclo reprodutivo é longo em grande parte devido ao período gestacional de quase 10 meses somado ao anestro que ocorre após o parto, que é mais acentuado no gado Zebu. Desta forma, a eficiência reprodutiva torna-se indispensável para o sucesso produtivo. Dentre as principais tecnologias disponíveis, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) ganhou destaque por conta, fundamentalmente, da sua viabilidade econômica.

Essa ferramenta proporciona uma série de vantagens, como: melhor controle zootécnico e de manejo, favorece o melhoramento genético e produtivo, aumento da taxa de prenhez e redução do intervalo entre partos, padronização do rebanho e da carcaça no abate. A IATF também elimina a necessidade de identificação de cio, o que diminui riscos com falhas de observação. Desta forma, com a correta aplicação do protocolo todo o lote de produção fica apto à inseminação ao mesmo tempo, o que permite concentrar os nascimentos na propriedade.

Como reportado pelo grupo de pesquisa do Prof. Pietro Baruselli da USP, a utilização de protocolos de IATF por produtores e técnicos no Brasil têm crescido bastante desde 2002, sendo que o número de inseminações artificiais realizadas no país em 2021 ultrapassou a marca dos 28 milhões considerando gado de leite e de corte, e cerca de 93,3% destas inseminações ocorrem após a utilização de protocolos hormonais de IATF. É importante lembrar que a manipulação hormonal em programas de IATF simula os níveis fisiológicos de hormônios reprodutivos naturais do animal. Desta forma, animais tratados com protocolos de IATF têm níveis muito similares de hormônios circulantes se comparado ao animal que está em sua fase reprodutiva normal – não representando, portanto, um risco para consumidores de carne ou leite.

Os protocolos mais empregados na IATF utilizam a eCG (Gonadotrofina Coriônica Equina) para estimular o crescimento folicular e a ovulação das vacas, atuando sobre os receptores de FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante). A meia-vida e efeitos do eCG são longas, tem ação biológica de 3 a 4 dias na vaca, estimulando também a formação do corpo lúteo após a ovulação sincronizada.

Entretanto, como o eCG convencional é extraído do sangue de éguas prenhes, este hormônio levanta preocupações dos pecuaristas em relação ao bem-estar animal, além de questões sobre a variabilidade dos lotes e pureza do produto.

Nesse cenário, a substituição do eCG tradicional pelo eCG recombinante surge como uma alternativa promissora, oferecendo resultados consistentes e promovendo maior bem-estar animal.

O eCG recombinante é produzido por meio de técnicas de biotecnologia, sem matéria prima de origem animal, o que garante maior consistência e menos variabilidade entre os lotes. Estudos indicam que o eCG recombinante apresenta a mesma eficácia do eCG tradicional, devido à sua maior pureza e ausência de contaminações.

Os protocolos de sincronização baseados em 7 dias de progesterona têm sido amplamente utilizados tanto em vacas quanto em novilhas. Esse processo de suplementação de progesterona mais curto possibilita a presença de folículos menores no momento da luteólise induzida (aplicação da PGF2α), possibilitando o crescimento folicular após a remoção do dispositivo, proporcionando normalmente uma fase de proestro prolongada e, por fim, uma melhor fertilidade.

Além disso, esse protocolo oferece várias vantagens para a reprodução assistida de bovinos, incluindo uma sincronização eficiente do ciclo estral, melhoria nas taxas de concepção, flexibilidade na implementação, redução do intervalo entre partos e óbvios benefícios econômicos.

Adicionalmente, o uso do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) na IATF aumenta a taxa de ovulação e evita ovulações tardias. As fêmeas que não apresentam sinais de estro ou que têm folículos menores no final do protocolo também se beneficiam do uso do GnRH. Além disso, existe uma maior taxa de prenhez quando o GnRH é administrado na IATF no protocolo com 7 dias de progesterona, sendo indicado para Bos indicus Bos taurus de corte e Bos taurus de leite, em todas categorias (novilhas e vacas).

Related Posts

  • All Post
  • Agricultura
  • Clima
  • Cooperativismo
  • Economia
  • Energia
  • Evento
  • Fruta
  • Hortaliças
  • Meio Ambiente
  • Mercado
  • Notícias
  • Opinião
  • Pecuária
  • Piscicultura
  • Sem categoria
  • Tecnologia

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Quer receber notícias do nosso Diário do Agro?
INSCREVA-SE

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.

© 2024 Tempo de Safra – Diário do Agro

Hospedado e Desenvolvido por R4 Data Center