Produtores terão de redobrar cuidados para manter o país livre da doença.
Nesta quarta-feira (18/6), o Brasil deverá ficar livre da gripe aviária. O vazio sanitário completará 28 dias após a desinfeção da granja de Montenegro (RS), onde ocorreu o primeiro caso da doença em aves comerciais. É uma exigência da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), que devolve o status de país livre da influenza, desde que não ocorram novos casos.
Poucos países conseguiram um retorno tão rápido à condição de status livre da doença como o Brasil. Se o país quiser continuar livre da gripe aviária, porém, os produtores vão ter de redobrar os cuidados em suas granjas, impedindo a chegada de aves silvestres.
O Brasil teve apenas o caso de Montenegro em granja comercial, mas as ocorrências de gripe aviária em animais silvestres e de subsistência continuam pipocando por todo o país, principalmente nas áreas litorâneas.
Desde maio de 2023, quando apareceu a gripe em uma ave silvestre no Espírito Santo, já foram 168 casos em aves silvestres, 5 em aves de subsistência e 1 em granja comercial. Atualmente o país está com vários casos em análise, espalhados pelos estados do Ceará, do Pará, de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul e de Goiás, mas sem suspeita da ocorrência da doença em granjas comerciais.
O retorno do status de país livre da gripe aviária deve permitir um fluxo normal do comércio internacional da carne de frango. Esse retorno, no entanto, não será imediato, uma vez que vários países, por barreiras comerciais ou por avaliação do protocolo sanitário, continuarão com a interrupção das importações.
Segundo o Ministério da Agricultura, 20 países estão na lista dos que suspenderam as importações de todo o país, além da União Europeia. Os principais dessa lista são China, África do Sul, Filipinas, União Europeia, Iraque e Coreia dos Sul, países que estão entre os dez maiores importadores do produto brasileiro. O México, que estava na lista, bloqueou as importações apenas da carne provinda do Rio Grande do Sul.
Passada essa fase de turbulência, o Brasil precisa renegociar os protocolos sanitários com os importadores e incluir a regionalização nas negociações, evitando que um caso de doença interrompa as vendas do país como um todo. Os Estados Unidos, mesmo com a gripe aviária presente em todos os estados do país, mantêm as exportações.
Os estragos na venda externa de carne de frango foram significativos, mas abaixo do que pareciam no anúncio da doença. Na semana do anúncio da ocorrência da gripe aviária, o país exportava 23,2 mil toneladas por dia útil. Conforme os dados da primeira semana deste mês, o volume caiu para 18 mil toneladas, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A influenza derrubou os preços no atacado em 18%, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Na sexta-feira (13/6), o quilo da carne resfriada de frango estava em R$ 7,2946, abaixo dos R$ 8,8859 na primeira quinzena de maio. O consumidor, no entanto, continua pagando mais. A alta no período foi de 1,74%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A gripe aviária começou pela Ásia, na década de 1990, retornou à região nos primeiros anos de 2000 e se espalhou por vários países. Os Estados Unidos tiveram um foco em 2015, mas a doença voltou no início de 2022. Os americanos, os maiores produtores mundiais de carne de frango, já abateram 174,8 milhões de aves, após o ressurgimento da doença (Folha)