Ectoparasitas: Os vilões invisíveis que afetam a produtividade do rebanho

A pecuária é um dos setores mais importantes da economia brasileira, e a saúde dos rebanhos é fundamental para garantir produtividade e rentabilidade. No entanto, um dos maiores desafios enfrentados pelos pecuaristas são os ectoparasitas, que afetam diretamente a saúde e o desempenho dos animais. Entre eles estão o carrapato (Rhipicephalus microplus), a mosca dos chifres (Haematobia irritans), o berne (Dermatobia hominis), a bicheira (Cochliomyia hominivorax) e a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans).

Responsáveis por perdas econômicas significativas na pecuária mundial, estes agentes são ponto de atenção tanto da fazenda de leite quanto da fazenda de corte. Os prejuízos causados por sua ação no rebanho chegam aos US$6,8 bilhões anuais (GRISI et al., 2014) e são resultado tanto de sua ação direta, como irritação, espoliação de sangue e tecidos nos animais parasitados, quanto dos efeitos indiretos, relacionados aos custos de tratamento, transmissão de doenças e danos ao couro. 

O carrapato, por exemplo, é o ectoparasita mais comum no gado bovino brasileiro. Ele se alimenta do sangue dos animais, causando anemia, perda de peso, irritação constante e, em infestações severas, pode levar à morte. Além disso, o carrapato é vetor de doenças como a Tristeza Parasitária Bovina (TPB). A presença do ectoparasita também está relacionada à redução da produção de leite e carne e à perda de peso. Isso acontece por conta da falta de apetite e da intensa espoliação sanguínea.

Já as infestações por moscas-dos-chifres causam grandes prejuízos, impactando diretamente na produtividade e no bem-estar dos animais. Esse ectoparasita permanece na região dos chifres ou no dorso dos animais, causando irritação constante. Um animal parasitado pode ser picado até 40 vezes por minuto, levando a um estresse significativo.

Esse ectoparasita provoca redução na produtividade dos bovinos, uma vez que os animais infestados consomem menos alimento, resultando em menor ganho de peso e diminuição na produtividade. Além disso, o estresse causado pelas picadas constantes leva a uma maior suscetibilidade a doenças, comprometendo o bem-estar animal.  A picada da mosca-dos-chifres também causa lesões na pele dos animais, provocando danos ao couro, que podem afetar o valor comercial e a qualidade do produto final.

Adicionalmente, a mosca-dos-chifres pode transmitir importantes doenças, como a tripanosomose bovina, úlcera de úbere, anaplasmose e carbunculo hemático. Estas doenças provocam inúmeros prejuízos à saúde dos animais e podem até levar ao óbito.  Com um ciclo de vida rápido, esse ectoparasita pode ter até 30 gerações anuais em condições favoráveis.

O berne, por sua vez, é outro parasita de grande relevância, causado pela larva da mosca Dermatobia hominis, que se desenvolve sob a pele dos animais. As larvas causam dor e irritação, prejudicando a saúde e o bem-estar do gado. Além disso, as infestações por berne levam a perdas na qualidade do couro e à redução do desempenho produtivo dos animais, uma vez que o desconforto causado obriga os bovinos a gastarem energia se movimentando para aliviar a dor. As fêmeas da Dermatobia hominis utilizam outros insetos, como foréticos, para transportar e depositar seus ovos em hospedeiros, o que pode resultar em altas infestações nas partes baixas do corpo dos bovinos, especialmente em regiões com alta presença de moscas dos estábulos

A bicheira, é outro ectoparasita que necessita de atenção por parte dos pecuaristas. Ela se caracteriza por uma infestação de larvas da mosca Cochliomyia hominivorax, que atacam feridas abertas nos animais, sejam elas causadas por acidentes ou cirurgias. As larvas destroem o tecido vivo, liberando toxinas que podem ser fatais se não houver tratamento adequado. As consequências econômicas da bicheira incluem perdas de peso, redução na produção de carne e leite e aumento dos custos de tratamento e manejo dos animais afetados.

Por fim, a mosca dos estábulos, que prolifera em áreas com grande acúmulo de matéria orgânica, como próximo a usinas de cana-de-açúcar ou plantações de café, também se alimenta de sangue e causa grande incômodo nos bovinos. Esse ectoparasita provoca queda na produtividade, aumento da vulnerabilidade a doenças e estresse constante, levando à diminuição na ingestão de alimentos.

A prevenção é o principal caminho para minimizar os impactos causados pela presença dos ectoparasitas na fazenda. O controle estratégico integrado, que combina o uso de antiparasitários com práticas de manejo ambiental, é fundamental para reduzir as infestações. Além disso, o monitoramento constante do rebanho, a identificação e manejo de animais mais susceptíveis, a manutenção de pastagens adequadas e a gestão da matéria orgânica são fundamentais para reduzir a carga parasitária e melhorar a produtividade e o bem-estar dos animais.

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