Sustentabilidade na lavoura começa com uma semente de qualidade

Congresso técnico-científico da Abrates reúne 1.300 interessados no assunto.

O clima é a bola da vez nas discussões que vão do campo à cidade. Todos acabam sendo afetados pelas rápidas mudanças que vêm ocorrendo.

Um congresso técnico-científico está reunindo 1.300 participantes nesta semana em Foz do Iguaçu, no Paraná. O objetivo é discutir um dos principais itens do processo produtivo: a semente.

Muito oportuna neste momento de crise climática, a semente resistente à seca ainda não chegou ao mercado e continua sendo pesquisada. Por ora, apenas a tolerante à seca, que gera uma planta que busca sobreviver com a menor disponibilidade de água.

A semente ganha importância nesse momento porque é a portadora do avanço genético para a espécie.
O objetivo do encontro de Foz de Iguaçu, organizado pela Abrates (Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes), é proporcionar inovações, segundo seu presidente Fernando Henning.

Na avaliação dele, a semente é a matéria-prima da sustentabilidade e o organismo vivo que amplia a origem. Quando com qualidade, ela traz benefícios sustentáveis tanto para o meio ambiente como para o produtor.

A produtividade aumenta, gerando mais renda, e a demanda por fertilizantes é menor, o que traz maior sustentabilidade, afirma.

A reunião que está ocorrendo no Paraná, e que vai até sexta-feira (13/9), é a que mais chama a atenção dos profissionais desse setor no mundo, segundo o presidente da Abrates.

As discussões abrangem os setores de sementes de grandes culturas, forrageiras, florestais, hortaliças e de plantas ornamentais.

O Brasil é um local central para essas discussões. “Não é fácil produzir sementes em clima tropical. Exige conhecimento e tecnologia, e a Embrapa é um caminho para isso”, afirma Francisco Carlos Krzyzanowski, pesquisador em tecnologia de sementes da empresa.

Os entraves são muitos, e a necessidade de conhecimento exige que o produtor seja muito bem assessorado na produção.

Os cuidados vão do manejo da cultura, à colheita e à secagem. Esta última, quando não bem processada, prejudica o potencial de germinação e de vigor da semente. Na sequência, entra o tratamento com fungicida, herbicida e polímeros, diz Krzyzanowski.

O clima é um fator importante a ser levado em consideração na produção de sementes, principalmente porque ele pode gerar impacto na qualidade do produto.

As áreas de estresse, no entanto, são buscadas pelos pesquisadores, uma vez que elas desenvolvem a fisiologia que a planta precisa para se adaptar às adversidades climáticas.

Nem tudo são respostas rápidas, no entanto, segundo o presidente da Abrates. Os custos são elevados, há exigência de tecnologia e de manutenção de talentos nos projetos. É preciso pensar de maneira integrada e dinâmica, afirma.

Uma cultivar nova de soja leva de seis a dez anos de estudos e ensaios, ao custo de pelo menos US$ 200 milhões. Os custos que vêm depois, para que essa semente chegue ao produtor, se igualam ao da fase de desenvolvimento.

Os estudos atuais olham mais para a soja editada do que para a transgênica. Além de aprovação mais rápida, ela vem sem os preconceitos da transgenia, segundo Henning.

A tecnologia agora não fica apenas com as grandes empresas, abrindo espaço para as de menor porte. O que não pode faltar, no entanto, é qualidade, afirma.

Para ele, a semente tem de ter potencial máximo de germinação e vigor para resistir às condições de estresse.

Krzyzanowski diz que a semente deve ter pureza varietal. Durante o processo de produção, são avaliados da cor da flor ao porte da planta, e as que não se enquadram no padrão da variedade são descartadas.

A semente vai determinar ciclo, produtividade, resistência a pragas e qualidade da proteína. “O agricultor não pode errar na escolha. Caso contrário, os custos virão depois”, afirma Krzyzanowski.

Para o pesquisador, devido à dimensão territorial do Brasil, o país exige um trabalho de produção em nichos. Rio Grande do Sul tem um clima e solo, enquanto Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul vão exigir variedades diferentes, assim como as outras regiões.

“Não há um programa nacional de semente, mas uma coordenação nacional”, afirma (Folha)

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