Preço do suco de laranja dispara, e consumidor busca alternativa

Momento é de remuneração, mas setor se preocupa com mudança atual de hábitos.

O clima continua castigando a produção mundial de cítricos. O Brasil, maior produtor mundial de laranja e maior exportador de suco, também passa por essa situação.

A queda na oferta de frutas, o que se repete há várias safras pelo mundo, vêm forçando os preços e reduzindo o consumo.

Do lado da indústria, ocorre uma diversificação da oferta de produtos, inclusive com novas misturas e lançamento de novos néctares. Do lado do consumidor, há uma busca por novas alternativas, principalmente devido aos preços e à inflação.

Os números recentes apontam uma situação inédita no setor. O consumo mundial de suco de laranja com 65 graus Brix despencou de 1,8 milhão de toneladas, em 2023, para 1,49 milhão neste ano, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Essa queda está associada a uma oferta menor do produto no mercado e a uma disparada dos preços. A produção mundial de suco de laranja atingiu 2,2 milhões de toneladas em 2019.

Com isso, a tonelada de suco, normalmente negociada entre US$ 2.000 a US$ 2.500 na Bolsa de commodities de Nova York, antes da elevação de custos, atingiu US$ 7.180 neste mês.

Os altos preços refletem no consumo dos americanos, os líderes nesse mercado. Nas últimas quatro semanas terminadas em 10 de agosto, o consumo era de 83 milhões de litros nos Estados Unidos, 10% a menos do que há um ano. Os preços também subiram 10% nesse período, segundo a consultoria Nielsen.

Um ponto de equilíbrio entre oferta e demanda de suco vai depender de um retorno das safras a um patamar normal. Falta de suco para atender a demanda, estoques baixos e oferta restrita de laranja é um cenário que preocupa a indústria. Quando o mercado vai ter uma situação de equilíbrio é um ponto de interrogação.

E tudo isso passa pelo Brasil. A safra 2024/25 no cinturão citrícola de São Paulo e de Minas Gerais está estimada em 216 milhões de caixas de 40,8 kg pelo Fundecitrus, o menor volume em 30 anos.

Essa queda ocorre em um momento em que o estoque brasileiro de suco de laranja (FCOJ equivalente a 66 graus Brix) terminou a safra 2023/24 em 117 mil toneladas, o terceiro menor volume da série histórica.

“Será difícil passar a próxima entressafra com esse estoque, principalmente com essa safra que deverá ser a menor em 30 anos”, diz Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBr.

É um período remunerador para a cadeia toda, mas a migração do consumidor para outros produtos e o lançamento de sucos diluídos preocupam, afirma Netto.

O Brasil está vivendo cinco ciclos seguidos de safras pequenas, devido às mudanças climáticas. Diante disso, todos estão buscando como fazer agricultura nessas mudanças, afirma o diretor da CitrusBr.

Os efeitos climáticos refletem não só sobre a produtividade, mas também sobre o tamanho da fruta. Há três safras que a indústria brasileira necessita de um volume maior de laranja para fazer uma tonelada de suco.

Na safra 2023/24, a indústria precisou de 298,1 caixas de laranja de 40,8 kg para obter uma tonelada de suco. Esse volume supera em 17,6 caixas o da safra anterior e em 32 o do período 2020/21.

“A diferença no rendimento industrial foi responsável por reduzir cerca de 56,3 mil toneladas de suco de laranja, o que contribui para o cenário de restrição na oferta”, diz Netto.

Na safra 2023/24, a produção nacional de suco caiu para 899 mil toneladas, 5% a menos do que na anterior, mas um volume bem distante do dos períodos de safra cheia. Em 2019/20, a produção atingiu 1,2 milhão de toneladas.

Os preços elevados da laranja e do suco tornam viáveis o avanço da citricultura em outras regiões. É o que ocorre com no Egito, que já se tornou o segundo maior fornecedor da União Europeia, segundo o Usda.

Os laranjais europeus têm os mesmos problemas dos do Brasil: forte perda de produtividade devido aos efeitos do clima. Excesso de chuva durante a fixação dos frutos, seca, restrição na irrigação e calor vão derrubar a produção da região para 5,4 milhões de toneladas em 2023/24. Há duas safras eram 6,7 milhões.

Com menos frutas, a oferta de suco diminui, os preços sobem e há uma mudança de hábito em parte dos consumidores da região. A União Europeia terá uma dependência ainda maior do suco estrangeiro.
Na safra 2021/22, o bloco produziu 86,1 mil toneladas de suco. Em 2023/24 foram apenas 49,6 mil, segundo relatório do Usda.

A menor oferta da fruta pressiona os preços no campo. A caixa de laranja-pera esteve a R$ 117 nesta semana no mercado brasileiro, e a laranja industrial foi cotada a R$ 88, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) (Folha)

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