Perspectiva é de que o custo estará maior, mas os volumes de processamento devem se manter.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China já eleva a demanda do país asiático por soja do Brasil, e deve comprimir as margens da indústria processadora ao longo deste ano, estima André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Após a eleição do presidente americano, Donald Trump, as processadoras anteciparam compras de soja e fixaram o que foi possível de preços, mas não conseguiram adquirir toda a necessidade anual. Assim, uma parcela entre 30% e 40% da safra, ainda não comprada, deve gerar margens menores, já que tem preços mais elevados.
“O que está acontecendo agora é um pouco parecido com o que aconteceu em 2018, quando a China fechou a importação de soja americana e comprou mais do Brasil. Isso gera uma valorização da soja brasileira”, disse Nassar, ontem, durante o seminário “A Lei Combustível do Futuro e as Perspectivas para os Biocombustíveis”.
“Olhando o preço no porto, já vemos há uma semana ou dez dias o prêmio subindo. Ele sinaliza que a soja está sendo valorizada. Essa soja que ainda não foi comprada vai ficar mais cara para a indústria, não acho que vá ter impacto grande (no volume) de esmagamento, mas isso reduz a margem da indústria”, acrescentou.
Segundo dados da Sin Consult, os prêmios da soja, base porto de Santos (SP) estão entre US$ 0,52 e US$ 0,55 o bushel para maio e US$ 0,60 a US$ 0,65 o bushel para junho, fruto de uma demanda acelerada da China pela soja brasileira. “A China está comprando tudo o que pode do Brasil. Nos últimos dez dias, foram 75 navios enviados para lá. Temos o produto para entregar, e nessa disputa comercial a procura cresceu ainda mais”, disse João Birkhan, CEO da Sin Consult.
A perspectiva do presidente da Abiove de que o custo de processamento será maior, mas os volumes vão se manter tem como base os cenários positivos para os mercados de óleo de farelo de soja no país. No caso do óleo, ele disse que há demanda oriunda dos mandatos de mistura do biodiesel ao diesel. O óleo de soja é a principal matéria-prima do biodiesel no Brasil (Globo Rural)