Os agricultores do Brasil, que cultivam quase metade do arábica do mundo, venderam grande parte da safra deste ano
Os preços globais do café arábica atingiram novas máximas de 13 anos nesta quinta-feira (21), com o mercado continuando preocupado com riscos regulatórios e com a safra do Brasil em 2025.
De acordo com o Cepea/Esalq, um centro de pesquisa da Universidade de São Paulo, os agricultores do Brasil, que cultivam quase metade do arábica do mundo, venderam grande parte da safra deste ano e só estão negociando quando o preço é atraente.
O índice de preços locais do arábica do Cepea atingiu na segunda-feira (18) o valor mais alto desde fevereiro de 1998, impulsionado também pela oferta limitada de robusta no Vietnã, maior produtor dessa variedade, e no Brasil.
Os contratos futuros de março do café arábica na bolsa ICE, referência para preços físicos do café em todo o mundo, fecharam em alta de 3,2 centavos, ou 1,1%, a US$ 2,957 por libra-peso, depois de terem atingido o valor mais alto desde abril de 2011, a US$ 2,9750.
Os contratos futuros de janeiro do café robusta caíram 0,2%, para US$ 4.787 a tonelada métrica.
A safra brasileira do próximo ano parece ter perdido algum potencial após a seca do início do ano, com a umidade do solo ainda baixa, apesar das chuvas recentes, e os corretores brasileiros locais citando árvores com muitas folhas e poucas cerejas.
Quanto à demanda, a Luckin Coffee, da China, assinou um acordo para comprar 4 milhões de sacas de café do Brasil.
“Essa é uma representação justa do potencial de crescimento em mercados de café relativamente novos. Espera-se que o consumo na China continue crescendo em torno de 16,50% ao ano”, disse a corretora I and M Smith.
Na frente regulatória, o mercado teme que uma tentativa dos partidos de direita no Parlamento Europeu de diluir o Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR) possa sair pela culatra, preservando o prazo original de dezembro de 2024, em vez da proposta atual de um atraso de 12 meses.
Em outras negociações de soft commodities, o cacau em Londres subiu 1,7%, para 7.084 libras por tonelada.
O açúcar bruto caiu 1,2%, para 21,38 centavos de dólar por libra-peso (Reuters)