Brasileiros terão concorrência maior de outros produtores nas exportações.
O Brasil obtém uma supersafra de grãos neste ano, conseguindo volumes não registrados até então. Nos cálculos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), são 345,2 milhões de toneladas. Nos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 340,5 milhões.
A produção brasileira está concentrada basicamente em soja e milho, produtos que representam 89% do volume nacional. Esses produtos, no entanto, vão encontrar forte concorrência externa de outros países, que, a exemplo do Brasil, também estão com produção elevada.
A colheita de soja rendeu 169,7 milhões de toneladas neste ano, segundo a Conab, um volume também previsto pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). Já o IBGE estima a colheita em 165,5 milhões.
Com o volume brasileiro colocado no mercado, a produção mundial de 2024/25 sobe para 424 milhões de toneladas, 13 milhões acima do que será consumido no período. Na safra 2025/26, no entanto, produção e consumo voltam a ter um equilíbrio de 426 milhões de toneladas.
A China, principal importadora da oleaginosa, compra 106 milhões nesta safra, mas sobe para 112 milhões em 2025/26, segundo estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Na safra 2025/26, os americanos vão colher 117 milhões de toneladas, e os brasileiros, 170 milhões, na avaliação do Usda. A preferência chinesa pela soja brasileira dá uma garantia de escoamento ao produto nacional, mas as investidas de Donald Trump no comércio mundial, exigindo compras maiores de soja pelos chineses, podem mudar um pouco esse quadro.
A produção nacional de milho, também recorde, fica próxima dos 138 milhões de toneladas, segundo Conab e IBGE. Ela chega em um momento, no entanto, em que Estados Unidos, Ucrânia e Argentina voltam a produzir mais, elevando a concorrência com o produto brasileiro no mercado externo.
O Usda divulgou na terça-feira (12) os dados da produção e de consumo de milho pelos Estados Unidos para a safra 2025/26, cuja colheita ocorrerá nos próximos meses. Os números, segundo a AgRural, surpreenderam o mercado, indicando um volume recorde de 425 milhões de toneladas na produção, 13% a mais do que na safra anterior.
Com isso, a produção mundial de milho chega a 1,29 bilhão de toneladas, 5,1% a mais do que na anterior. O consumo, próximo ao da produção, deverá subir 2,4%. O Brasil vai sofrer a concorrência das exportações da Ucrânia, que aumentam para 26 milhões de toneladas, e das dos Estados Unidos, previstas em 73 milhões. Para o Brasil, a estimava do Usda é de vendas externas de 43 milhões de toneladas.
Uma boa notícia para os exportadores de milho é que a China deverá elevar as importações de milho para 10 milhões de toneladas na safra 2025/26, acima dos 4 milhões da anterior.
A União Europeia também aumenta a produção de grãos, segundo dados da Direção Geral de Agricultura e do Desenvolvimento Rural. A produção de cereais sobe 4,1% e a de oleaginosas, 12%, o que dá maior disponibilidade de produtos para as exportações do bloco europeu.
O cenário de consumo interno do Brasil de milho e de soja vem mudando, o que ajuda a desovar mais a produção recorde. As usinas de etanol já consomem próximo de 23 milhões de toneladas, e o esmagamento de soja subiu para 59 milhões, graças ao aumento da produção de ração e à demanda maior por biodiesel.
Receitas de soja e seus derivados
As exportações de soja e seus derivados, após o recorde de US$ 67 bilhões em 2023, fica em US$ 53,9 bilhões neste ano, mesmo valor de 2024, segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Com um volume maior de soja sendo processado, a oferta de farelo sobe para 45 milhões de toneladas neste ano, acima dos 43 milhões de 2024 (Folha)
