Os empresários erraram o alvo

Por Elio Gaspari

Condenando a retaliação, mutilam os negociadores

Na terça-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin reuniu-se com um pedaço da elite do empresariado nacional em Brasília. Saindo da reunião, dois empresários condenaram as retaliações. Dias depois, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, foi claro:

“Pessoalmente, sou contra. Acho que tem que esgotar primeiro a parte negocial, e é exatamente isso que nosso governo está fazendo. Estou otimista que chegue a uma conclusão, então a gente não precisaria passar para essa outra etapa que, imagino, vai elevar ainda mais o nível de tensão e estresse na relação.”

A Embraer será uma das empresas afetadas pelas sanções e o governo vem brandindo a ameaça de retaliações.

Declarações como essas sinalizam que o empresariado brasileiro não quer que o Brasil vá a mesa de negociação com a arma das retaliações no coldre. Pena, porque se essa percepção se consolidar, daqui até o início de agosto, ou enquanto durarem as conversas, os negociadores brasileiros entrarão desarmados nas reuniões.

Os empresários foram sinceros e podem ter expressado a opinião de seus pares. Atribui-se a Talleyrand (1754-1838), gênio da diplomacia francesa, a observação de que “a palavra não foi dada ao homem para expressar seu pensamento”. Mais tarde ela teria sido modificada e usada pelo romancista Stendhal.

Os doutores não deveriam ter proclamado o que proclamaram, até porque se a crise das sanções chegar a outros patamares, terá o apoio das chamadas “classes produtoras”.

Na quinta-feira, num discurso de retórica estudantil, Lula mostrou sua disposição de taxar as big techs americanas.

Se um negociador brasileiro for à mesa de negociação sem a arma da retaliação, quais argumentos lhe seriam oferecidos para sustentar sua posição?

Desde maio, quando o céu começou a ficar cinzento, o Planalto poderia ter alertado alguns empresários. Não há notícia de que isso tenha sido feito.

Gomes Neto, bem como vários colegas, dizem que deve-se primeiro “esgotar a parte negocial”.

Ganha um fim de semana na Disney quem souber como negociar o fim das sanções associadas à exigência de Trump para que o processo contra Jair Bolsonaro termine IMEDIATAMENTE (ênfase dele). Esse estresse vem de Washington (Folha)

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