Para governador de São Paulo, o “governo tem que ter Responsabilidade Fiscal”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse à CNN Brasil na noite desta quarta-feira (8/10) que a população não aguenta mais aumento de impostos e que o governo Lula precisa ter responsabilidade fiscal.
“Não torço pelo pior melhor, mas a população não aguenta pagar mais impostos. O governo tem que ter Responsabilidade Fiscal”, disse, ao ser questionado sobre suas movimentações ao longo desta quarta-feira para derrotar a medida provisória que taxa investimentos, numa derrota política para o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Veja que o Projeto do Imposto de Renda foi um acerto e foi unânime. Foi promessa dos dois candidatos que foram para o segundo turno em 2022. Não houve divergência. Mas já há um esgotamento para aumento de impostos”, disse o governador à CNN Brasil.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apontaram a articulação de Tarcísio contra a MP, de olho nas eleições de 2026.
Para Randolfe, a derrubada da MP é uma “antecipação” da disputa eleitoral. “Acho até bom isso vir a ocorrer, porque faz uma separação. Diz quem é quem. Diz quem quer antecipar o jogo eleitoral”.
251 votos a favor
A Câmara aprovou nesta quarta um requerimento de retirada de pauta da MP 1.303, com alternativas ao aumento do IOF. Na prática, a ação impede a votação do texto, que precisaria ser apreciado pela Casa Baixa e pelo Senado até 23h59 para não perder a validade.
Foram 251 votos a favor da retirada de pauta, e 193 contrários.
O governo contava com os recursos da MP para fechar o orçamento de 2026. Originalmente, a expectativa era de arrecadar R$ 20,87 bilhões no ano que vem. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o texto poderia gerar uma arrecadação de “mais de R$ 17 bilhões”, após mudanças no texto.
Mais cedo, Haddad afirmou que “voltaria à mesa” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso a MP fosse rejeitada, com novas opções. Segundo o ministro, o governo vai continuar perseguindo os mesmos objetivos, inclusive a meta fiscal – que, no ano que vem, é de um superávit primário de 0,25% do PIB (CNN Brasil)
Líder do PL desmente Tarcísio e diz que ele ajudou a derrubar MP
- Governador volta a dizer que está focado em São Paulo e que deputado fez discurso por uma questão de deferência
- Ministros de Lula afirmaram que ele quer enfraquecer o governo para a disputa de 2026
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) agradeceu da tribuna do parlamento o empenho do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) na derrubada da MP dos impostos.
Com isso, ele desmentiu afirmações do próprio governador de que não estava telefonando para deputados para que votassem contra a medida. “Não costumo fazer isso. Estou muito focado nos problemas aqui de SP. Temos várias coisas aqui acontecendo. Essa questão é do Congresso”, afirmou o governador à coluna nesta quarta (8/10).
Sóstenes, no entanto, fez um discurso veemente citando o mandatário.
“Eu quero agradecer alguns governadores que trabalharam muito esta noite. Governador Tarcísio, do Estado de São Paulo, que inclusive já foi atacado na outra tribuna porque começam a se preocupar com o Tarcísio e o principal estado do país”, afirmou.
“Tarcísio receba do alto da tribuna da Câmara dos Deputados o nosso reconhecimento, a nossa gratidão por todo o seu empenho. Você tem sido um gigante no diálogo com os presidentes de partidos de centro, para que a gente possa fazer essa coalizão em prol do Brasil contra aumento de impostos, contra um Brasil inchado, uma máquina pública que não há dinheiro que aguente para bancar uma data de tanta esquerdalha mamando nas tetas do governo”, seguiu.
Questionado, Tarcísio voltou a afirmar à coluna que não se envolveu no tema. “Estou focado em SP. Acho que ele pode ter falado por uma questão de deferência. Ocorre que a pauta de aumento de tributo não tem aderência no Congresso”, disse.
“Veja que o IR foi um acerto e foi unânime. Foi promessa dos dois candidatos que foram para o segundo turno em 2022. Não houve divergência. Mas já há um esgotamento para aumento de impostos”, seguiu.
A Câmara dos Deputados impôs uma derrota ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e retirou de pauta a MP (medida provisória) de aumento de impostos. Na prática, a decisão enterra de vez a medida, importante para sustentar a arrecadação e reduzir despesas obrigatórias em 2026, ano eleitoral.
Um requerimento de retirada de pauta foi aprovado por 251 votos a 193. A votação ocorreu na noite desta quarta-feira (8), último dia de vigência da MP, que agora perderá validade.
Segundo técnicos da área econômica, a derrubada da medida deve causar um bloqueio nas despesas de 2025, incluindo emendas parlamentares, e abrir um impasse de R$ 35 bilhões no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026. Para governistas, esse era justamente o objetivo de partidos do centrão e da bancada ruralista: restringir o espaço fiscal de Lula no ano em que ele deve buscar a reeleição (Folha)