Áreas mais críticas são o Alto Paranaíba, o Triângulo Mineiro e a Mogiana.
O mês de março foi marcado por chuvas abaixo da média nas principais regiões produtoras de café de Minas Gerais e São Paulo, conforme aponta o boletim técnico divulgado pela Fundação Procafé nesta quarta-feira (16/4). As áreas mais críticas são o Alto Paranaíba, o Triângulo Mineiro e a Mogiana, que enfrentaram déficit hídrico no mês passado.
Na região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, a média de precipitação registrada foi de 90,4 milímetros (mm) de chuva, inferior à média histórica para o mês, que é de 187 mm. A situação é mais crítica em Araguari, onde o acumulado mensal foi de apenas 41,8 mm, frente a uma média esperada de 203 mm.
Além da escassez de chuvas, as temperaturas médias na região também ficaram acima da média histórica de 22,3°C, alcançando 23,9°C em março. O aumento de 1,6°C pode influenciar o desenvolvimento das lavouras e a propagação de pragas e doenças.
Quanto ao monitoramento fitossanitário, a incidência de ferrugem atinge 17,3% das folhas nos talhões avaliados em Araxá e Araguari.
A cercospora apresenta um índice mais elevado, com 38,7% de folhas infectadas. Já a presença da doença foma é observada em 5,5% das folhas. Entre as pragas, o bicho-mineiro foi identificado em 1,8% das folhas e o ácaro vermelho em 3,1%. A Fundação Procafé ressalta a importância da atenção ao período de carência entre a aplicação de defensivos e a colheita.
Para as próximas semanas, a recomendação é que os cafeicultores das regiões irrigadas estejam atentos a possíveis períodos de veranico. Caso ocorram, deve-se considerar a irrigação complementar para manter a estabilidade hídrica das lavouras.
Mogiana
A região produtora de café de Mogiana, em São Paulo, apresenta déficit hídrico de 7,2 mm, segundo a Fundação Procafé. Em Franca (SP), a precipitação em março foi de 85,4 mm, volume inferior à média histórica para o mês, de 199,9 mm. “Os produtores devem ficar atentos as precipitações para próximo mês, os cafeicultores irrigantes, devem irrigar as lavouras complementando a evapotranspiração”, diz o boletim.
A temperatura média do ar registrada também esteve acima do habitual, fechando o mês em 23,8°C, frente à média histórica de 22,9°C.
A ferrugem apresentou incidência média de 6% nos talhões avaliados. Já a presença de frutos brocados atingiu 4,5%, exigindo atenção por parte dos produtores. A recomendação técnica é a realização de amostragens nas lavouras e, caso confirmada a infestação, a aplicação de inseticidas específicos.
O boletim reforça ainda a importância de respeitar o período de carência entre a aplicação dos produtos e o início da colheita, garantindo a segurança alimentar e o cumprimento das normas vigentes.
Sul de Minas
As precipitações também ficaram abaixo do esperado no Sul de Minas Gerais. A região registrou média de 143,1 milímetros (mm) de chuva no mês passado, enquanto a média histórica é de 166 mm. O destaque foi para Varginha, que apresentou a maior diferença em relação à média. No município, choveu 101,6 mm, número inferior à média histórica local de 169,5 mm.
Os níveis de armazenamento de água do solo variam entre as localidades. Muzambinho e Carmo de Minas seguem com armazenamento considerado cheio, enquanto Varginha e Boa Esperança apresentam níveis baixos para o período. A Fundação Procafé recomenda no boletim que, caso o cenário de baixa pluviosidade persista em abril, os produtores com sistemas de irrigação façam o manejo complementar com irrigação para suprir as necessidades hídricas das lavouras.
As temperaturas registradas também ficaram acima da média histórica de 21,8°C, atingindo 22,3°C. Carmo de Minas foi a única localidade que não seguiu essa tendência, atingindo 20,3°C em março, abaixo da média histórica de 20,7°C.
Os índices de ferrugem nas lavouras tiveram média de 7% de folhas infectadas em Varginha, Boa Esperança e Carmo de Minas. A incidência da broca do café também foi registrada, com 1,5% de frutos brocados em Varginha e 5% em Boa Esperança.
A Fundação reforça a importância de atenção aos períodos de carência entre a aplicação de defensivos e a colheita, especialmente neste período de transição para a fase de maturação dos frutos (Globo Rural)