Recuperação de estrada vicinal reduziria custos em R$ 6,4 bilhões ao ano

  • País transporta 1,4 bilhão de toneladas de produtos por vias que exigem reparos
  • A cana é a que mais perde com a situação precária das rodovias

O Brasil aumenta ano a ano a produção de alimentos. Só de grãos, são 350 milhões de toneladas; de cana-de-açúcar, 669 milhões; e de café, 65 milhões de sacas. Frutas, hortaliças, leite e madeira complementam essa lista. Além disso, a produção de carnes já supera 30 milhões de toneladas por ano.

Tudo isso sai das propriedades rurais e vai a diversos destinos, sempre iniciando o trajeto por vias vicinais, muitas vezes em estado precário. Para avaliar perdas de alimentos, prejuízos econômicos, sociais e ambientais, o Esalq-Log (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) fizeram um estudo de como está a situação dessas estradas e os investimentos necessários para mantê-las adequadas.

O Brasil possui 2,2 milhões de estradas vicinais, classificadas no estudo por terciárias e não classificadas. A terciária já tem um solo mais compactado e suporta o trânsito de dois caminhos em sentido contrário. Já as não convencionais são estreitas e só comportam a passagem de um caminhão por vez, segundo Thiago Guilherme Péra, da Esalq. A extensão das estradas consideradas não classificadas é de 1,86 milhão de km, enquanto as terciárias somam 367 mil.

Para Péra, “se dá cada vez mais atenção para as rodovias pavimentadas, mas tudo que se produz e tudo que se usa no campo dependem das vicinais”. Os reflexos da má conservação são custos mais elevados na logística e perdas de produtos, afirma o pesquisador da Esalq. Além disso, há um aumento das emissões de gases de efeito estufa e impactos sociais, como dificuldades de acesso a serviços de saúde, educação e fixação de mão de obra na região.

O quanto o Brasil perde por ter uma malha rodoviária precária assusta, diz Péra. A mudança das condições atuais das estradas precárias para um padrão considerado médio, faria o país economizar R$ 2,7 bilhões por ano. Se o país atingir um padrão de qualidade alta, a economia seria de R$ 6,4 bilhões para a agropecuária.

O aspecto ambiental também seria favorecido. A redução dos níveis de emissões cairia 33%, em relação ao atual, com a adoção de um padrão de alta qualidade nas vicinais, afirma o pesquisador.

Passam pelas estradas vicinais do país 1,4 bilhão de toneladas de produtos por ano, e a cana é a que mais perde com a situação das rodovias. As perdas chegam a R$ 2,3 bilhões por ano, vindo a seguir milho e soja, com R$ 2,1 bilhão, e transporte de animais, com R$ 1 bilhão.

O estudo dividiu o país em 557 microrregiões, e 177 delas foram classificadas como bastante precárias. Essas somam 1,1 milhão de km e são as que mais precisam de investimentos. “Quanto investir e quais caminhos a serem seguidos?”, pergunta Péra.

Hoje não há recursos suficientes, principalmente nas prefeituras. Portanto é necessário uma identificação dos casos mais urgentes e necessários. Para transformar e manter as estradas com qualidade ruim nas regiões altamente prioritárias em um padrão mínimo, seriam necessários investimentos de R$ 22,7 bilhões. Já os investimentos para todas as vicinais do Brasil subiriam para R$ 43,5 bilhões.

Para chegar a esses números, o Esalq-Log criou um índice, levando em consideração a alta demanda por reformas nas estradas e a importância das regiões na produção agropecuária. O índice considera questões sociais, econômicas, ambientais e de infraestrutura.

Durante a apresentação do estudo, denominado Panorama das Estradas Vicinais do Brasil, nesta quarta-feira (8), Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da comissão de logística da CNA, afirmou que o estudo aborda várias dimensões. Trata das crianças que vão à escola, às pessoas que precisam ir ao campo e às que necessitam do atendimento de uma ambulância.

Para João Martins dos Santos, reeleito presidente da entidade nesta semana, o estudo mostra a realidade dos estados e olha o Brasil como um todo, e não apenas para o grande produtor de soja e de milho (Folha) 

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