Segundo Ilan Goldfajn, oportunidades estão principalmente na agenda da transição energética.
O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira (18) que, pela primeira vez, o mundo precisa realmente da América Latina e do Caribe.
Durante seminário sobre economia promovido pelo grupo Lide, Goldfajn comentou sobre os desafios que o Brasil e países vizinhos enfrentam na comparação com economias desenvolvidas. Segundo ele, agora essa interação também apresenta oportunidades.
“A relação tem sido assimétrica. A América Latina precisa de investimentos, de financiamento, de que as empresas venham para cá”, disse. “Desta vez o mundo também precisa da América Latina. Em que sentido? Primeiro da transição energética. Toda a necessidade de energia limpa não vai surgir sem a América Latina. Os minerais estão aqui, e a capacidade de gerar energia limpa precisa dos grandes países da região”, acrescentou.
Participando do evento por videoconferência, Goldfajn também destacou o potencial da região em entregar soluções para a pobreza e a fome no mundo, visto que parte relevante da produção de alimentos está em países latino-americanos.
Segundo ele, o mundo está muito fragmentado, e a América Latina não parece tão mal. Além de ser mais democrática do que outras regiões, com menos conflitos e guerras, há também uma conjuntura de estabilidade que não era comum no passado recente.
“Não temos mais tanto problema hiperinflacionário. Então, a percepção é de uma região em que você pode ter as cadeias de crescimento”, disse, acrescentando a posição estratégica do Brasil na agenda da transição climática.
“Agora, ter oportunidade não significa que ela vai ser aproveitada. Nós já perdemos muitas”, afirmou.
Para o presidente do BID, é fundamental trabalhar questões jurídicas e de segurança pública, problema que está afetando os investimentos na região, inclusive na amazônia.
“O cenário que temos hoje é muito desafiador, mas também é um cenário promissor para o Brasil. Vejo muito ruído, muita discussão de curto prazo, mas temos que mudar o canal”, acrescentou (Folha)