Os principais desafios para o agronegócio em 2025

Por Diogo Luchiari

O agronegócio brasileiro é um dos principais motores da economia nacional, sendo responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e das exportações do país. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o setor deve crescer 5% em 2025, alcançando uma receita estimada de R$ 1,43 trilhão.

Apesar dessa perspectiva positiva, vários desafios se colocam no horizonte. Neste artigo, discutiremos os principais obstáculos que o agronegócio enfrentará em 2025, considerando tanto o cenário interno quanto o externo.

1. Valorização do dólar e dependência de insumos importados

A valorização do dólar representa um dos maiores desafios para o setor. Embora beneficie as exportações, também encarece a importação de insumos essenciais, como fertilizantes, defensivos agrícolas e tecnologias de ponta.

Essa dependência cria um ciclo de pressão de custos que pode impactar negativamente a margem de lucro dos produtores, especialmente os de pequeno e médio porte.

Para mitigar esse desafio, o setor precisará investir em soluções como o fortalecimento da produção nacional de insumos e a adoção de tecnologias que aumentem a eficiência do uso desses recursos.

2. Cenário de juros elevados

O ambiente de juros altos previsto para 2025 afeta diretamente o custo de financiamento, dificultando a aquisição de crédito por parte dos produtores. Essa situação compromete não apenas o investimento em infraestrutura e tecnologia, mas também a renovação de equipamentos e a expansão de áreas cultiváveis.

Uma possível solução seria a criação de linhas de crédito mais acessíveis e de programas de incentivos fiscais que estimulem a modernização do setor.

3. Pressão internacional e sanções ao agronegócio

O cenário internacional também traz preocupações. A assinatura de acordos entre Mercosul e União Europeia, embora promissora, pode ser acompanhada de exigências ambientais mais rigorosas e sanções a produtos brasileiros. Além disso, tensões comerciais entre potências globais aumentam a incerteza sobre mercados de exportação.

Para enfrentar esse desafio, é imprescindível que o agronegócio invista em práticas sustentáveis e na certificação de produtos, garantindo o acesso a mercados mais exigentes.

4. Mudanças climáticas e sustentabilidade

As mudanças climáticas continuam a representar uma ameaça significativa. Eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, podem comprometer a safra, mesmo com as previsões de recordes de produção. Além disso, a pressão para a adoção de práticas mais sustentáveis é crescente.

Investir em tecnologias de agricultura de precisão, sistemas de irrigação eficientes e na restauração de biomas degradados são caminhos para mitigar esses riscos e melhorar a resiliência do setor.

5. Inflação e consumo doméstico

Apesar da projeção de desaceleração da inflação, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado em 4,59%, o consumo doméstico ainda pode ser impactado. Com a renda comprometida, os consumidores podem priorizar produtos mais acessíveis, afetando a demanda por itens de maior valor agregado.

O agronegócio pode responder a esse cenário diversificando sua produção e investindo em inovações que reduzam custos e ampliem a oferta de produtos competitivos no mercado interno.

Conclusão

O agronegócio brasileiro tem perspectivas de crescimento robusto em 2025, mas os desafios são igualmente expressivos.

Para garantir que o setor continue sendo um pilar da economia nacional, é fundamental adotar estratégias que aumentem sua resiliência e competitividade.

Investimentos em sustentabilidade, inovação e gestão eficiente serão determinantes para superar as adversidades e aproveitar as oportunidades de um mercado em constante transformação (Macfor)


Em 2025, um cenário melhor para o agronegócio

Preços têm melhoras, safra é recorde e clima deverá interferir menos na produção.

As perspectivas de 2025 para o agronegócio são melhores do que o desempenho de 2024. No início, este ano se mostrava complicado para a agropecuária. Os preços internacionais estavam em queda; a demanda global era incerta, devido a pressões inflacionárias e ao comportamento da economia mundial; o clima se apresentou como um dos piores da história para o setor, e os custos ainda permaneciam elevados.

Mesmo com a queda de produção, os preços não reagiram no primeiro semestre. No segundo, o cenário mudou, e a forte demanda internacional, principalmente por carnes, e o dólar em alta, dando competitividade aos produtos brasileiros, geraram mais receitas ao setor.

Em 2025, o país volta a ter uma safra cheia, desde que o clima ajude, com estimativa de 322 milhões de toneladas de grãos, 8% a mais do que neste ano.

O PIB do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que avalia o desempenho dos setores de agropecuária, insumos, agroindústria e agrosserviços, deverá crescer 5% no próximo ano.

Neste ano, o VBP (Valor Bruto da Produção) interrompeu a tendência de alta que vinha registrando e fica estável em R$ 1,25 trilhão. Em 2025, porém, volta a crescer 11,4%. No setor externo, a ameaça Donald Trump é uma incógnita, podendo ajudar ou atrapalhar o setor. Os efeitos dos juros e do dólar na política americana afetam o consumo mundial.

Para o Brasil, uma política beligerante de Trump com seus parceiros comerciais favorece as exportações brasileiras, mas os custos de produção serão mais elevados devido à alta da Selic.

No setor externo, aconteceu o que não era muito provável. As receitas com as exportações repetem o recorde de 2023 e voltam a girar em torno de US$ 167 bilhões.

O setor passou a depender menos da soja, que fecha o ano com receitas menores do que as de 2023, e incorporou um volume financeiro maior de outros produtos.

As carnes deverão atingir o recorde de US$ 26 bilhões, e o café voltou aos bons tempos, podendo render US$ 12,5 bilhões. A balança do agro recebe também uma boa ajuda do açúcar, que deverá atingir US$ 19 bilhões.

A demanda externa e uma recuperação interna de alguns preços no segundo semestre deram um novo desempenho ao agronegócio. Tanto que a CNA, que esperava uma queda de 3% no PIB deste ano, revisou a taxa para uma alta de 2%.

No campo, a maioria dos produtos termina 2024 com valores superiores aos de 2023. O arroz é exceção, recuando 22%. Já o café, um dos líderes de aumento, acumula alta de 120% no preço do arábica e de 142% no do robusta. O milho subiu 6%, e a soja ficou estável, quando comparados os preços atuais com os de há um ano.

As proteínas mantiveram boa evolução de preços no campo, com a arroba de boi gordo subindo 25% no ano, e as carnes de frango e suína tiveram altas de 12% e 14%, respectivamente.

Apesar do recuo de preços de alguns produtos nas lavouras, o consumidor não teve alívio quando foi aos supermercados. Em média, pagou 8% a mais pelos alimentos neste ano.

Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), as maiores pressões no varejo vieram do café, óleo de soja, leite e carnes. O café em pó ficou 32% mais caro até novembro, e o óleo de soja, 29% (Folha)

Related Posts

  • All Post
  • Agricultura
  • Clima
  • Cooperativismo
  • Economia
  • Energia
  • Evento
  • Fruta
  • Hortaliças
  • Meio Ambiente
  • Mercado
  • Notícias
  • Opinião
  • Pecuária
  • Piscicultura
  • Sem categoria
  • Tecnologia

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Quer receber notícias do nosso Diário do Agro?
INSCREVA-SE

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.

© 2024 Tempo de Safra – Diário do Agro

Hospedado e Desenvolvido por R4 Data Center