Mudanças climáticas: desafios para o setor cafeeiro em 2025

Para enfrentar os impactos de condições climáticas adversas, a cooperativa mineira Expocacer aposta em inovação e sustentabilidade

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios para a cafeicultura no Brasil. Em 2024, a produção nacional de café foi estimada em 54,79 milhões de sacas de 60 kg, representando uma redução de 0,5% em relação ao ano anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse leve declínio reflete os impactos de condições climáticas adversas, como estiagens prolongadas e temperaturas extremas, que afetaram negativamente as lavouras em diversas regiões cafeeiras.

No Cerrado Mineiro, os produtores enfrentaram períodos prolongados de estiagem, temperaturas próximas dos 40°C e a ocorrência de geadas, que foram alguns dos principais contratempos enfrentados pela safra.  

De acordo com o engenheiro agrônomo Fernando Couto, especialista SEBRAE/Educampo da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), esses fenômenos climáticos geraram um déficit hídrico acumulado superior a 400 mm em algumas áreas da região, resultando em perdas irreversíveis de produtividade. “Além disso, as altas temperaturas e as geadas causaram danos diretos, como a queima de ramos produtivos, e danos indiretos, incluindo desordens fisiológicas que reduziram o potencial produtivo,” destacou o engenheiro agrônomo.

Diante deste cenário, a Expocacer tem desempenhado o papel de implementar soluções inovadoras e sustentáveis para mitigar os impactos climáticos e garantir a sustentabilidade do cultivo.

Inovação e sustentabilidade

Conforme explica Couto, para enfrentar esses desafios, a Expocacer e seus produtores têm investido em soluções tecnológicas e práticas de manejo integrado, como:

  • Irrigação inteligente: sistemas modernos de irrigação localizada, equipados com sensores de umidade do solo e estações meteorológicas, que garantem um uso racional da água e permitem um manejo mais eficiente. Estudos mostram que lavouras irrigadas podem produzir até 11 sacos/ha de café a mais por ano em relação a áreas não irrigadas.
  • Práticas regenerativas: a adoção de adubos orgânicos, microrganismos multifuncionais e o manejo de solo descompactado promovem o desenvolvimento radicular e aumentam a resistência das plantas a condições adversas.
  • Mitigação dos gases de efeito estufa: realização de iniciativas para diminuição de carbono, como a realizada com metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol, promovido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces). A ação fez da Expocacer a primeira cooperativa de café do Brasil a receber o reconhecimento, habilitando a cooperativa a rastrear os processos, direcionando-os para as metas de diminuição dos GEE e comunicando, de forma transparente, os resultados obtidos aos seus parceiros nacionais e internacionais, além de consumidores finais de toda cadeia do café.

Capacitação e suporte ao produtor

A Expocacer atua como catalisadora de soluções, oferecendo suporte técnico, acesso à tecnologia e programas de capacitação. Entre as iniciativas de destaque está o Projeto Educampo, desenvolvido em parceria com o Sebrae Minas. “O programa disponibiliza consultores especializados para auxiliar produtores na gestão de suas propriedades, com diagnósticos personalizados, monitoramento de lavouras e elaboração de planos anuais de produção”, explica Couto.  

Désio Rodrigo, produtor da Fazenda Lidon Cachoeira Alta, em Guimarânia-MG, é testemunha dos benefícios do Educampo: “Com o manejo sustentável do solo e um planejamento mais estratégico, conseguimos enfrentar adversidades como seca e geadas, alcançando resultados mais sólidos. O programa nos ajudou a identificar pontos de economia, reduzir o uso de defensivos agrícolas e reinvestir na propriedade.”

O produtor reforça que o suporte técnico foi essencial para a modernização das operações e na melhoria da eficiência da produção. “Os consultores do programa trazem uma visão ampla, que vai desde a gestão financeira até soluções agronômicas personalizadas. Isso nos permitiu adotar tecnologias de ponta e entender melhor como cada decisão impacta a rentabilidade da fazenda. Hoje, temos maior segurança para enfrentar os desafios climáticos e um planejamento mais assertivo para o futuro”, completa Désio.

Um olhar para o futuro

A Expocacer continua comprometida em liderar a transição para uma cafeicultura mais regenerativa e sustentável. Por meio de tecnologias avançadas, práticas sustentáveis e educação ambiental, a cooperativa e seus produtores demonstram que é possível superar desafios climáticos e garantir a excelência do café do Cerrado Mineiro, reconhecido mundialmente pela sua qualidade.

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