Mesmo com tarifaço de Trump, boi e café sobem no campo neste mês

Arroba avança porque demanda é forte; grão rende menos do que o esperado.

Os preços internos do boi gordo e do café, dois dos produtos incluídos no tarifaço de Donald Trump, estão com aceleração de preços no campo neste início de mês. Com a taxa imposta pelos Estados Unidos para os produtos brasileiros, esperava-se uma possível queda, uma vez que os americanos são grandes importadores desses produtos.

A alta de preços ocorre devido a questões de oferta e demanda, segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A arroba de boi gordo, que estava a R$ 294 no início do mês, subiu para R$ 308 na sexta-feira (15/8). Em dólares, o preço passou de US$ 52,6 para US$ 57,1 no período.

Carvalho, pesquisador do Cepea. Julho foi o melhor mês para as exportações brasileiras, que somaram 277 mil toneladas de carne bovina “in natura”.

A demanda externa veio forte, não só da China como também de Estados Unidos, México, Itália, Holanda, Hong Kong. Preço menor do boi e o dólar a R$ 5,60 tornaram a carne brasileira ainda mais competitiva.

Os preços não têm garantia de continuidade de alta, mas os Estados Unidos terão de comprar carne de outros produtores, e estes vão deixar espaço para o Brasil nos mercados que ocupam. Não dá para o mercado internacional fugir da carne bovina brasileira, principalmente porque os estoques mundiais da proteína são os menores desde 2006.

Do lado interno, a demanda também aqueceu. Volta das aulas, Dia do Pais, maior poder de renda dos consumidores no início de mês e a oferta menor de gado de pasto ajudam a entender essa elevação dos preços do boi, segundo o pesquisador.

Quanto ao tarifaço de Trump, Carvalho diz que ele poderá ser sentido neste final de mês e em setembro, enquanto o país não conseguir direcionar a carne para outros mercados.

“Mas, olhando o cenário interno de emprego e de renda, além de o segundo semestre sempre ser mais aquecido em exportações, penso que não há muito espaço para uma queda ou até um impacto forte da tarifa dos Estados Unidos.”

Para os analistas do Itaú BBA, mesmo sem as compras americanas, o cenário para exportação segue positivo. Ainda assim, com margens projetadas de até R$ 1.000 por cabeça nos preços futuros atuais, o banco recomenda a realização de hedge para reduzir riscos diante de possíveis surpresas.

O café também está em alta no mês e atingiu os maiores preços desde meados de junho. O arábica tem elevação de 7% neste mês, e o robusta, de 19,7%. A alta, a exemplo da do boi, ocorre por preocupações com a oferta brasileira.

O café arábica não está rendendo o esperado, após o beneficiamento, o que indica um ajuste para baixo na oferta brasileira, afirma Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea. Além disso, o produtor está com condição melhor de capital e segura as vendas, provocando uma queda de braço entre oferta e demanda. O robusta, apesar do bom volume colhido, tem os preços puxados para cima pelo cenário do arábica.

O mercado deverá continuar oscilando até que se tenha uma previsão de como será a próxima safra. O frio intenso das últimas semanas afetou algumas regiões, mas ainda não dá para mensurar os estragos, e a florada depende de chuvas regulares para o período, segundo Ribeiro (Folha)

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