Em 1974, há exatamente meio século, o casal de produtores Carlos Heinz Wilcken e Maria Cortez começava a sua história na agricultura, dedicando-se à Fazenda Casa Branca em Nova Santa Bárbara (PR). Ainda eram os tempos do algodão e logo em 1975 o lugar e o estado sofreram com a geada negra, que acabou com as culturas perenes, caso do café, e abriu caminho para as culturas mecanizadas de grãos.
SUCESSÃO – Atualmente, em seus 246,8 hectares, Carlos e Maria cultivam soja e milho, contando com o apoio direto de Maria Christine, uma das três filhas, e dois representantes da terceira geração: os netos Severino e Carlos, que aos poucos vão se inserindo na atividade.
AMIGOS DA NATUREZA – Por preservarem uma extensa área com matas nativas, Carlos e Maria receberam do governo do estado, há alguns anos, o reconhecimento de Amigos da Natureza. Em relação às lavouras, a expectativa é que a soja tenha uma média de produtividade ao redor de 54 sacas por hectare.
VISITA – Quem visita a propriedade, como fez o Rally Cocamar de Produtividade, acaba de surpreendendo com a trajetória de vida dos proprietários, relatada em meio a um café servido na varanda da sede. A equipe foi acompanhada pelo gerente Sérgio Lemos e o agrônomo Felipe Sutil, que presta atendimento técnico aos Wilcken, da unidade da Cocamar na vizinha Santa Cecília do Pavão.
ORIGEM – Nascido em Curitiba, Carlos é descendente de alemães, enquanto Maria, natural de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), é de uma família de origem espanhola. Os dois se conheceram e se casaram em Assaí, a 32 quilômetros, onde ele trabalhava como mecânico de máquinas agrícolas e ela como fundadora e gestora de uma empresa do ramo de carrocerias. E foi a partir dos rendimentos com a produção de carrocerias que Maria optou por comprar terras pela região, não tendo dúvidas de que seria um bom negócio no futuro.
GUERRAS – No começo do século passado, com o advento da Primeira Guerra Mundial, a família de Carlos emigrou para o Brasil, fixando-se no município catarinense de Rio Negrinho. Mas, em 1939, sem imaginar que outra grande guerra estava prestes a eclodir, retornaram para a Alemanha. Seu pai, Frederico, havia trabalhado durante muitos anos como mecânico da Fendt, empresa de tratores que possuía uma fábrica na pequena cidade do norte do país, onde viveram por vários anos.
NA ALEMANHA – Durante a permanência na Alemanha, sua família não chegou a ser molestada e nem a cidade sofreu destruição, mas eles se acostumaram a ver os céus coalhados de aviões bombardeiros que se dirigiam para outras regiões. Habituaram-se, também, aos frequentes sinais de alerta, emitidos para avisar a população sobre a iminência de ataques aéreos. Ele conta que algumas vezes ouvia as sirenes quando caminhava em direção à escola e voltava correndo. E lembra que, como estrangeiro, era hostilizado pelos alunos de sua escola. E, anos mais tarde, quando a família regressou ao Brasil, não foi bem acolhido pelos colegas brasileiros, que o julgavam alemão.
PARAÍSO – “De qualquer forma, o Brasil sempre foi visto por estrangeiros que aqui chegavam, como um paraíso, uma terra situada nos trópicos, onde nasce de tudo, muito diferente da Alemanha”, completa Carlos, hoje aos 87 anos. “A nossa terra é o nosso paraíso e aqui espero que a família fique para sempre”, afirma Maria, ao lado da filha Maria Christine que, embora exercendo a advocacia na cidade, reside na fazenda, de onde não pretende sair. “A gente se acostuma com a vida no campo, que é o nosso lugar”, finaliza. (Jornal Cocamar)