Em uma década, agro é mais feminino e tem menos gente no campo

  • Renda e escolaridade aumentam, mas informalidade se mantém, mostra pesquisa
  • Neste ano, 15% da população ocupada não têm carteira assinada

Na última década, o agronegócio se tornou mais feminino, reduziu o número de trabalhadores no campo, aumentou a população ativa na agroindústria e no agrosserviço, além de elevar o patamar educacional. Não houve, no entanto, redução da informalidade.

É o que mostra o mais recente estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) sobre o setor. Para chegar a essas conclusões, o Cepea, com metodologia própria, utiliza dados da PNAD-C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa tem colaboração da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Os dados do segundo trimestre deste ano apontam uma população ocupada de 28,2 milhões, 26% do total dos trabalhadores do Brasil, que é de 108,4 milhões. É a menor participação do setor desde o início da pesquisa, em 2012.

Os dados do Cepea abrangem informações de quatro segmentos: produção primária, que é a atividade dentro da porteira; agroindústria, que engloba o processamento industrial; agrosserviço, que são as operações financeiras, administrativas, de transporte etc., e a indústria de insumos, que incorpora máquinas, rações e medicamentos veterinários.

A modernização do setor provoca uma forte redução da população ocupada dentro da porteira e um aumento crescente no setor de agrosserviços.

Há dez anos, 9,24 milhões de trabalhadores desenvolviam atividades no campo. No segundo trimestre deste ano, o número é 17% menor, recuando para 7,7 milhões. Já o setor de agrosserviços elevou a população ocupada de 8,6 milhões para 10,5 milhões no mesmo período, 22% a mais.

Na avaliação dos pesquisadores do Cepea, esse enxugamento de trabalhadores dentro da porteira ocorre devido à modernização da produção agropecuária, levando parte dos trabalhadores a migrar para a agroindústria e agrosserviços. A redução passa também pela questão demográfica, uma vez que há uma queda no número de filhos nas famílias. Os pesquisadores destacam também o êxodo rural de jovens para a área urbana, principalmente os pertencentes ao grupo de pequenos produtores e à agricultura familiar.

Diante desse quadro de redução de trabalhadores no campo, Cepea e CNA afirmam a necessidade de políticas públicas de inclusão produtiva e de capacitação profissional. Assistência técnica e incentivos à adoção de novas tecnologias também devem fazer parte desse pacote de ajuda, segundo os analistas.

A renda real do agronegócio subiu 13% na última década, enquanto a evolução total no Brasil foi de 9%. O estudo mostra que a população dentro da porteira diminui, mas essa redução exigiu um pagamento maior. O rendimento médio desse segmento subiu para R$ 1.994, com alta de 32% nos últimos dez anos.

O setor passou a exigir também uma escolaridade maior para o exercício de boa parte das atividades. A população sem instrução caiu 24% na década, para 1,49 milhão de trabalhadores. Já o número da população ocupada com curso médio subiu 38%, e o com ensino superior, 63%.

A mecanização no campo, a industrialização e o crescimento do setor de agrosserviços exigem a contratação de trabalhadores com um nível escolar maior. Dos 28,2 milhões da população ocupada do agronegócio, 57% tem curso médio ou superior.

A informalidade, no entanto, persiste. Neste ano, 15% da população ocupada não têm carteira assinada, um percentual superior aos 13% de 2015, conforme mostram os dados do Cepea.

As mulheres somam 10,8 milhões da força de trabalho no agronegócio neste ano, 9% a mais do que há uma década. Nesse mesmo período, a força masculina teve evolução de 4,5%.

Na comparação dos dados do segundo trimestre deste ano com os de igual período de 2024, a população ocupada teve aumento de 0,9%, com a contratação líquida de 245 mil trabalhadores. Dentro da porteira, houve uma redução de 202 mil, compensada pelo aumento de 326 mil de aberturas de vagas em agrosserviços.

Os dados globais do país indicam uma evolução de 2,3% no aumento de trabalhadores na comparação dos dois trimestres, com a contratação de 2,43 milhões (Folha)

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