Compra brasileira de arroz inflaciona preço mundial, diz analista 

Importações inibem avanço do plantio e reduzem oferta do cereal em 2025.

Um mês após o início das fortes enchentes no Rio Grande do Sul, a avaliação do mercado é que o governo exagerou nas medidas anunciadas com relação ao arroz.

O anúncio de compra externa de até 1 milhão de toneladas do cereal acabou inflacionando tanto os preços internos quanto os externos. Até as instituições mundiais que compram arroz para distribuição humanitária viram uma aceleração de preços, o que diminui a capacidade de compra delas.

Vlamir Brandalizze, analista do setor de cereais, diz que o volume de 1 milhão de toneladas representa 2% de todo o comércio mundial anual. Isso representa muito para o mercado externo, uma vez que a produção mundial está estagnada e a população cresce ano a ano.

Se o anúncio tivesse sido de 100 mil toneladas, como deverá acontecer nesta primeira compra escalonada, os reflexos nos preços mundiais seriam pequenos, segundo o analista.

O consumidor brasileiro paga um dos menores preços pelo cereal no mundo e as importações vão exigir muito subsídio do governo. Além dos custos dessa importação, as compras externas podem afetar a oferta do produto nacional no próximo ano. O produtor dos estados centrais está animado e há uma previsão de aumento de área semeada nessas regiões.

O produtor do Rio Grande do Sul também elevará a área dedicada ao cereal, prevê o analista, que não acredita em desabastecimento no país.

Após a corrida aos supermercados neste mês, os consumidores vão comprar menos em junho e em julho, mês em que tradicionalmente há uma queda nas compras devido às férias. Com isso, os preços devem acomodar.

A concorrência do produto externo pode desestimular o produtor brasileiro, que, diante da ameaça do arroz importado, reduziria a área de plantio, afetando a oferta do cereal em 2025.

As vendas recordes de maio provocaram uma corrida das indústrias em busca de arroz para processar e atender ao varejo. Os preços subiram e vão para a inflação.

É o que aponta a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) nesta segunda-feira (27). Os preços do arroz, que estavam com queda de 2,24% na primeira quadrissemana deste mês, recuaram apenas 0,3% na terceira.

Mesmo quando sobem rapidamente nos supermercados, os preços demoram a ser incorporados no índice de inflação. A Fipe compara os preços médios das últimas quatro semanas com a média das quatro imediatamente anteriores. Quando entra uma semana nova, sai a mais antiga da lista.

Este é o segundo pico dos preços do arroz nos últimos meses. Na entressafra do final do ano passado, a saca de arroz em casca atingiu R$ 127, em média, em dezembro. Recuou para R$ 100 em março e subiu para R$ 113 neste mês. Neste final de maio, já está em R$ 122, com alta de 13% em relação ao final de abril.

No Paraguai, a tonelada do cereal subiu para US$ 820, com alta de 26% no mês; na Tailândia, foi a US$ 664 (mais 8%), e, no Vietnã, a US$ 592 (mais 2%). O produto americano, de melhor qualidade, chega a US$ 900 por tonelada.

O arroz de padrão médio está sendo negociado a R$ 6,50 por quilo no varejo brasileiro. Com base nos preços externos, o governo gastaria um valor próximo a R$ 9 por quilo nas importações. O subsídio será grande, uma vez que ele terá de repassar o cereal por um valor menor para o varejo.

É uma hora ruim para importações, segundo Brandalizze. Além de o arroz estar caro, a oferta de trigo também é mais restrita devido a problemas nas safras da Rússia, da Ucrânia, do Leste Europeu e dos Estados Unidos. Os dois cereais são complementares.

O país não terá desabastecimento de arroz. A safra gaúcha, prevista inicialmente em 7,5 milhões de toneladas, fica em 7 milhões. É o mesmo volume de 2023, afirma Brandalizze.

Outro fator de oferta interna é a queda no volume a ser exportado neste ano. Recorde em 2023, ao ficar próxima de 2 milhões de toneladas, a venda externa deste ano será de 1 milhão, afirma o analista (Folha)

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