O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, disse que se o projeto de lei Combustível do Futuro for aprovado no Congresso Nacional e virar lei, a indústria esmagadora de soja no Brasil terá de, pelo menos, duplicar a capacidade de processamento do grão. “Só a mistura do biodiesel ao diesel, que hoje está em 14%, poderá subir para 25% até 2035”, lembrou, caso o PL seja aprovado.
Esse aumento da demanda interna pelo biocombustível exigiria a construção de pelo menos mais 40 unidades processadoras de soja “e mais umas 35 de biodiesel”, ressaltou Nassar, durante painel no Agroforum Cuiabá, promovido, dia 23/5, pelo BTG Pactual. “As plantas de biodiesel seriam em número menor porque hoje temos grande capacidade ociosa nesse segmento.”
Ainda para Nassar, o biodiesel é a grande fronteira de expansão dos biocombustíveis no País, sendo que, na sua avaliação, o etanol, amplamente utilizado na frota de veículos brasileira, já “tem teto de crescimento”. “O biodiesel, ao contrário, hoje está em apenas 14% na mistura obrigatória ao diesel e pode crescer muito ainda.” Isso vai, segundo Nassar, “exigir um volume grande de investimentos”. “Calculo que até 2025 a indústria da soja teria de investir pelo menos R$ 53 bilhões para atender a esse avanço.”
O representante da Abiove advertiu, também, que a grande demanda pela soja virá do mercado interno, e não mais do externo com a força como se viu nos últimos anos. “Talvez estejamos em um momento em que a demanda global pelo grão vá continuar crescendo, mas não do mesmo jeito que antes; nada que justifique a expansão da área plantada no mesmo ritmo de antes, de 3 milhões a 4 milhões de hectares por ano.”
Previsibilidade
O CFO da Caramuru, Marcus Thieme, defendeu previsibilidade na política nacional de biocombustíveis, embora tenha reconhecido que, “neste momento”, o País esteja “caminhando bem”. Thieme também falou durante painel no AgroForum Cuiabá, promovido pelo BTG Pactual. “No caso do etanol, não houve mudanças recentes (no porcentual de mistura à gasolina), o que é muito bom”, citou. “Mas no biodiesel houve; hoje era para estarmos em 15% na mistura (do biodiesel ao diesel), e estamos nos 14%.” O executivo reforçou que a previsibilidade nesse segmento é essencial, “para que o empresário venha junto”. “É preciso amadurecer essas política públicas.” Quanto ao projeto Combustível do Futuro, atualmente no Senado Federal, Thieme disse esperar que ele “seja aprovado e não volte pro Congresso”.
O executivo da Caramuru lembrou, ainda, que o desenvolvimento do segmento do biodiesel é muito importante para a agricultura familiar. “Para poder vender biodiesel, e a Caramuru é produtora de biodiesel, os grãos precisam ser originados também de produtores familiares”, ressaltou. “Originamos grãos de 5 mil produtores, sendo, destes, pelo menos 1,2 mil familiares.” Sob este aspecto, Thieme disse que o fator socioambiental é importante para investidores. “Há vários investidores que aplicam recursos porque os projetos têm o cunho da sustentabilidade.”
Ele elogiou, ainda, iniciativas da indústria, que, em alguns casos, já está operando com caminhões 100% movidos a biodiesel. “Também temos barcaças a 100% biodiesel”, lembrou, acrescentando que a Caramuru “está estudando isso também”.
No mesmo painel, o CEO da Friboi, Renato Costa, disse que o DDG, ou grãos de destilaria, resíduo proveniente da indústria produtora de etanol de milho e utilizado para alimentar bovinos confinados, “vai dar mais um impulso à operação (de pecuária de corte) em Mato Grosso”. Ele lembrou que a pecuária brasileira aumentou em mais de 120% a produtividade e reduziu a área ocupada em 15% nos últimos anos. “Temos condição de crescer mais a produção e manter (a área ocupada) no mesmo estágio, e a geração de resíduo proveniente da fabricação de etanol de milho vai contribuir muito para isso” (Broadcast)

21 de março de 2025/
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