Iniciativas estão concentradas nos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e do Açú (RJ).
Algumas empresas interessadas na transição energética já têm assinado memorandos de entendimentos e pré-contratos de implantação com alguns portos brasileiros para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde, que juntos somam US$ 30 bilhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez um levantamento em que mostra o Porto de Pecém, no Ceará, com a maior concentração de projetos já assinados, e investimentos previstos de US$ 17 bilhões por empresas como Fortescue, Casa dos Ventos, Voltalia, AES Brasil e Cactus Energia.
Já no Porto de Suape, em Pernambuco, Qair e Neoenergia têm projetos que totalizam mais de US$ 4 bilhões em investimentos, enquanto no Porto do Açú, no Rio de Janeiro, Fortescue e Shell Brasil se estruturam para a produção futura de hidrogênio verde. “São portos onde o espaço e a localização podem transformá-los em ‘hubs’ de produção de hidrogênio de baixo carbono”, diz a diretora de Infraestrutura e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa.
Segundo Costa, o hidrogênio verde é tão relevante para a transição energética mundial e o Brasil, nesse contexto, tão bem posicionado, que o banco de fomento está acompanhado de perto essa indústria para, oportunamente, entrar nos projetos quando chegarem à fase de financiamento. Ela diz que ainda não houve decisão final de investimento em nenhum deles, mas espera que isso ocorra a partir do segundo semestre do ano que vem. Entre os mais adiantados nesse sentido, Costa cita os da Fortescue, seguidos pelo da Casa dos Ventos.
Brasil é competitivo
“O custo de produção do hidrogênio verde é composto em 70% por energia renovável, e o Brasil é muito competitivo, com um custo muito menor do que a média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, afirma. A executiva conta que muitos investidores estrangeiros têm demonstrado enorme otimismo com o País nas interlocuções com o banco. No mundo, são poucos os países com plantas avançadas, com destaque apenas para Arábia Saudita e Suécia.
Costa lembra que o hidrogênio verde ainda demanda aprimoramento em sua tecnologia para que a produção seja comercialmente competitiva. “Mas é extremamente importante para a descarbonização de indústrias que operam initerruptamente, como a siderúrgica, cimenteira e petroquímica, assim como para o transporte marítimo e terrestre”, acrescenta.
A indústria de fertilizantes também está de olho nessa tecnologia. A Atlas Agro deve construir uma planta de produção de fertilizantes a partir de hidrogênio em Uberaba, em Minas Gerais. Os investimentos somam perto de US$1 bilhão e o projeto se destaca pela vantagem de substituir importações de fertilizantes pelo País (Estadão)