Setor, que envia 35 mil contêineres por mês para fora do país, une esforços.
Uma feira voltada para os setores de avicultura e de suinocultura está se tornando um encontro de todo o setor de proteínas no Brasil.
O Siavs (Salão Internacional de Proteína Animal), realizado no Anhembi, em São Paulo, e que terminou nesta quinta-feira (8/8), reuniu, pela primeira vez, os setores avícola, de suínos, bovinos, peixe e leite.
Um misto de feira e de discussões sobre a cadeia de proteínas do mercado interno e sobre as tendências do externo, o encontro reuniu 317 expositores, uma centena destes voltados tanto para a produção como para a exportação.
O Brasil tem sido destaque mundial na oferta de carnes, principalmente para o mercado asiático, onde cresce renda e demanda. Com isso, os diversos setores da cadeia de proteínas uniram sinergia e aproveitam a abertura de novos mercados para atuarem juntos.
Líder em exportação de carnes de frango e bovina, o país ocupa o quarto posto no mercado internacional de carne suína.
Somando essas três carnes, saem 35 mil contêineres mensalmente dos portos do Brasil para o mercado externo. São pelo menos 875 mil toneladas ao mês.
Apesar dessa saída externa, o mercado interno também fica bastante abastecido, segundo Luis Rua, diretor de mercados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Da carne suína produzida anualmente no país, 75% ficam no mercado interno; o percentual da de aves é de 67%, e o da de boi, 30%. Na mais recente avaliação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumidor brasileiro tem, em média, 103 kg dessas carnes à disposição por ano.
Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) destacou nesta quinta-feira no Siavs o bom momento do setor. As exportações de carne bovina atingiram o recorde de 268 mil toneladas no mês passado, com a China ficando com 123 mil desse volume.
Rua acredita que a participação brasileira no mercado mundial de carnes tem aumento garantido, principalmente para a suína.
A Europa, que produzia 25 milhões de toneladas há cinco anos, está com 20 milhões agora. As exportações europeias recuaram de 6 milhões de toneladas para 3,1 milhões nesse período, e as previsões para 2024 são ainda menos otimistas, com as vendas externas dessa proteína pelos europeus podendo recuar para 2,7 milhões.
Já o Brasil, que exportava 750 mil toneladas há cinco anos, pode chegar a 1,4 milhão em 2024. O país está ocupando parte dos mercados que a Europa atua menos, principalmente na Ásia, afirma Rua. Para o executivo da ABPA, o Brasil tem uma forte vantagem competitiva.
O custo de produção nacional chega a ser 40% inferior ao de algumas áreas da Europa, e a mão de obra onera muito o produtor europeu. Para ele, a suinocultura sai do ciclo de tempestade perfeita, onde a China havia reduzido as compras e os grãos estavam elevados.
O país asiático, após um passo largo no aumento da produção, reavalia esse volume para baixo e deverá manter importações de pelo menos 2,4 milhões de toneladas por ano. Isso ocorre em um período de preços dos grãos mais equilibrados para os produtores brasileiros.
Além da China, o executivo da ABPA acredita muito no mercado do Japão. Demorou para iniciar as compras, mas vem elevando o volume de importações do Brasil. Singapura, Chile e Cuba também entram nessa lista de oportunidades.
Julio Ramos, da Secretaria de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, diz que o país acaba de atingir a marca de 43 plantas liberadas para exportar para a China neste ano. A nova aprovação ocorreu em Cidade Gaúcha, no Paraná.
Essa ampliação dos estabelecimentos aptos a exportar é muito importante para a economia do país, segundo ele. Há um aumento do emprego e elevação da renda na região.
Os números do Siavs ainda não estão fechados, mas, na avaliação de Rua, o salão reuniu 30 mil participantes, sendo que 500 deles vieram de outros 50 países (Folha)