Barreira da França afeta bolso do consumidor europeu

Por doenças, redução de subsídios e queda no consumo, UE produz menos carne.

O consumidor francês, impulsionado por empresas e produtores, atua politicamente contra as carnes brasileiras agora. Nos próximos anos, no entanto, vai sentir no bolso o custo dessas proteínas, principalmente se a opção for pela bovina.

A produção de carne bovina da União Europeia, que era de 7,4 milhões de toneladas no início dos anos 2000, recua para 6,4 milhões neste ano. No mesmo período, a necessidade de importação subiu 56%.

Na França, a produção, que esteve em 1,3 milhão de toneladas no ano passado, recuou para 967 mil nos dez primeiros meses, 11% a menos do que em igual período do ano passado. As importações do país no Brasil são pequenas, mas a atitude da França busca denegrir o produto brasileiro.

A produção francesa perde ritmo também na suinocultura. A oferta interna caiu para 2 milhões de toneladas, 6% a menos. Já a oferta de frango recuou para 2,6 milhões de toneladas, 9% inferior à do início dos anos 2000.

A França segue firme contra as importações do Mercosul, mas países da União Europeia que não têm uma pressão tão forte dos produtores veem esse gargalo de oferta aparecer lá na frente, e pesar no bolso do consumidor e na inflação.

Os produtores europeus estão distante do potencial de produção do Mercosul, principalmente do volume do Brasil, que vem atingindo patamar recorde, com uma evolução de 30% nos anos recentes. O custo dos europeus aumenta e torna a produção deles cada vez mais dificultada.

Falar de sanidade animal é o que os europeus menos podem fazer. A produção de proteína animal está em queda nos países da União

Europeia por vários motivos, e um deles é devido à sanidade animal. Alguém precisa avisar o deputado que considera a carne brasileira “um lixo” que os rebanhos bovinos, suínos e de aves da região passam por sérios problemas sanitários.

O Mercosul está isento de uma série de doenças que afetaram e, em muitos casos, ainda afetam a produção europeia: vaca louca nos rebanhos bovinos, peste suína africana nos suínos e influenza aviária nas granjas.

Além de ser um sério problema de saúde, essas doenças colocam em xeque a produção e a qualidade da carne europeia em diversas regiões do bloco.

Além da questão sanitária, os produtores europeus, principalmente os franceses, vivem na encruzilhada dos subsídios. A sociedade começa a sentir os pesados incentivos dados ao setor.

A produção acompanha a tendência do consumo, que cai. Por esses motivos a oferta de proteínas está mudando no bloco. No início do século, a produção agregada de carnes na União Europeia era de 38,3 milhões de toneladas. Quase um quarto de século depois, cresceu apenas 7,5%.

A produção de carne bovina é a que mais perde participação nessa oferta interna do bloco. Neste ano, a oferta será de 6,4 milhões de toneladas, um volume 18% inferior ao dos anos 2000. Já a produção de carne suína fica estável, em 20,7 milhões de toneladas, enquanto a de frango sobe 56%, atingindo o recorde de 13,9 milhões.

O crescimento na produção do setor de avicultura segue a tendência de consumo dos europeus. Na média, passaram a consumir 66,8 quilos de carne por ano, um pouco acima do de 2000.

Neste período, no entanto, a opção pelo frango aumentou para 25,1 quilos por pessoa, 53% há mais do que no início do século. Já o consumo de carne suína e de boi está em queda. Pelos números do Eurostat, o consumo médio de carne bovina no bloco europeu recuou para 9,6 quilos por pessoa neste ano, 20% abaixo do de 2000. No mesmo período, o de carne suína caiu 10%, para 31 quilos.

A necessidade de importação da União Europeia, após ter atingido 1,6 milhão de toneladas, em 2019, recua para 1,4 milhão neste ano, mas um volume ainda 40% superior ao de duas décadas atrás (Folha)

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