Conab eleva área plantada de soja e vê safra maior apesar de perdas no RS

A companhia também apontou impactos negativos preliminares das fortes chuvas no Rio Grande do Sul para a produção total de grãos e oleaginosas do país

No novo levantamento, a safra de soja 2023/24 foi estimada em 147,68 milhões de toneladas, e a de milho, em 111,63 milhões de toneladas

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) elevou nesta terça-feira (14) suas previsões para as safras de soja e milho do Brasil 2023/24 por ajustes de área cultivada, e apontou alguns impactos negativos preliminares das fortes chuvas no Rio Grande do Sul para a produção total de grãos e oleaginosas do país, com perdas no arroz e menor produtividade da soja.

No novo levantamento, a safra de soja 2023/24 foi estimada em 147,68 milhões de toneladas, ante 146,52 milhões de toneladas previstas no mês passado. Já para o milho, a produção total foi projetada em 111,63 milhões de toneladas, contra 110,96 milhões da estimativa anterior.

No caso da soja, a área plantada do Brasil foi elevada em quase 500 mil hectares, para 45,7 milhões de hectares, enquanto no milho a expectativa de plantio subiu mais de 230 mil hectares, para 20,6 milhões de hectares.

A produtividade média nacional da soja e do milho praticamente não foi alterada, com quedas de 0,3% na oleaginosa e 0,5% no cereal. Mesmo para o Rio Grande do Sul, a projeção de produtividade mudou comparativamente pouco com a catástrofe climática (-3,4%), para 3.168 kg por hectare, versus 3.280 kg/ha, no levantamento antes das chuvas.

Além disso, a Conab citou que a colheita estava avançada antes das enchentes.

“No Rio Grande do Sul, as lavouras vinham desde o início do plantio apresentando bom desenvolvimento… com 75% da área colhida até o início de maio… A chegada das fortes chuvas, que ainda estão ocorrendo em grande parte do Estado no período do levantamento, já possibilita estimar perdas no campo”, afirmou a Conab.

A safra de soja gaúcha foi estimada em 21,4 milhões de toneladas, versus 21,9 milhões de toneladas no levantamento anterior, com a previsão atual ficando abaixo da apontada por alguns analistas privados, que já veem redução de até 3 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul.

Ainda assim, segundo a estatal, em virtude de ajustes de área e produtividade, caso a catástrofe climática não tivesse ocorrido no Rio Grande do Sul, a produção de soja do Brasil teria sido estimada no levantamento de maio acima de 148,4 milhões de toneladas.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que ainda não é possível ter precisão das perdas para o setor no estado.

“Os níveis de água estão elevados e o acesso às propriedades é difícil, impossibilitando que se faça uma avaliação mais detalhada”, disse, em nota.

No caso do arroz, a Conab afirmou que os prejuízos no estado ainda estão sendo mensurados, mas que pelo menos 8% da área gaúcha para a cultura registrará perdas devido às volumosas chuvas.

Arroz: mais importação

A Conab rebaixou em apenas 0,7% a estimativa de produção de arroz do Brasil na comparação com o levantamento anterior, para 10,5 milhões de toneladas, enquanto a produção do Rio Grande do Sul foi estimada em 7,27 milhões de toneladas, 200 mil toneladas abaixo da projeção de abril –a colheita de arroz também estava avançada quando as enchentes atingiram o principal Estado produtor do Brasil, com mais de 80% das áreas colhidas, segundo informações de produtores.

Apesar da leve redução na estimativa para o arroz, a Conab frisou que os prejuízos ainda estão sendo mensurados.

“A projeção tende a ser revisada à medida que os impactos das chuvas no Estado gaúcho forem dimensionados. No entanto, a produção brasileira atende o abastecimento interno, devendo as vendas ao mercado internacional serem impactadas”, disse a Conab, sinalizando que haverá oferta adicional de uma redução nas exportações brasileiras.

A Conab reduziu em 300 mil toneladas a previsão de exportação de arroz do Brasil, para 1,2 milhão de toneladas. Simultaneamente, elevou a previsão de importação do grão pelo país em 750 mil toneladas, para 2,2 milhões de toneladas.

Uma parte desta importação adicional poderá ser feita pela própria Conab, após o governo editar medida provisória que permite a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz, com o objetivo de evitar impactos inflacionários.

No caso do milho, as projeções de importações e exportações não foram alteradas. Na soja, também houve pouca alteração na exportação na atual temporada, para 92,5 milhões de toneladas, enquanto a importação ficou estável em 800 mil toneladas, no comparativo mensal (Reuters)

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