Brasileiro vai pagar mais caro pelo churrasco em 2026. Entenda o motivo

Especialistas explicam fatores que devem pressionar o preço das carnes no próximo ano.

O churrasco deve ficar mais caro para os brasileiros em 2026. Isso porque o preço da carne bovina deve subir nos próximos meses, pressionando outras proteínas também comuns à mesa, como a carne de frango e os ovos.

Segundo Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), o motivo é o ciclo pecuário. O movimento natural de alta e baixa nos preços do gado ao longo dos anos deve ditar o ritmo do mercado em um cenário onde a oferta de animais tende a diminuir, enquanto a demanda e os custos de produção seguem elevadas. A combinação desses fatores resulta em novo reajuste.

Em outubro, as carnes registraram elevação de 0,21% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 12,24%, puxada, principalmente, pelo peito (17,04%) e a capa de filé (16,69%). A picanha, corte tradicional e preferido nos churrascos, teve aumento de 7,68% no mesmo período.

Veja as maiores altas do último ano

Cortes Variação acumulada em 12 meses 
Filé mignon 8,97% 
Cupim 12,20% 
Alcatra 14,67% 
Músculo 14,32% 
Acém 14,27% 
Peito 17,04% 
Capa de filé 16,69% 
Costela 11,63% 
Picanha 7,68% 

Fonte: IBGE

Quando o bezerro está valorizado para venda, é comum que o pecuarista decida manter uma parcela maior de vacas no rebanho para ampliar a produção. E, a longo prazo, a quantidade de carne no mercado cai, pressionando a demanda. “O animal, ao invés de virar bife, fica retido para poder produzir bezerros. Aí, temos uma produção menor de carne e, naturalmente, o preço tende a subir”.

A expectativa era de que este processo, conhecido como a reversão do ciclo pecuário, ocorresse em 2025, impulsionado pela recuperação do preço do bezerro desde 2024, mas não aconteceu. “Continuamos enxergando um processo intenso de fêmeas sendo encaminhadas para o abate, ou seja, o descarte destes animais. Isso, em algum momento, deve mudar, provavelmente no ano que vem, porque o preço do bezerro já subiu. Com a retenção de fêmeas os preços serão pressionados”, explica Serigati.

Ao notarem a valorização do bezerro para a venda, os pecuaristas tendem a manter uma parcela maior de vacas no rebanho com o objetivo de ampliar a produção. E, a longo prazo, a quantidade de carne no mercado cai, elevando o preço. “Uma vaca gerando um bezerro oferece um retorno maior do que se fosse encaminhada ao abate. E quando a margem da cria fica muito apertada, ele passa a enxergar uma parte maior dessas vacas como mais rentável no frigorífico”, explica.

Preço do boi gordo começa a semana com estabilidade

Uma das consequências da alta da carne bovina será a pressão sobre outras proteínas consumidas em grande quantidade. A principal delas é a carne de frango, aponta o pesquisador da FGV Agro. No entanto, em um cenário mais profundo, a demanda pode migrar também para os ovos, como observado no país em 2020, durante a pandemia de Covid-19, e em 2022, devido à guerra na Ucrânia. Na ocasião, o conflito e os casos de gripe aviária fomentaram as exportações, encarecendo o mercado interno.

“O produtor fica em uma condição mais favorável, mas o consumidor pode encontrar proteínas operando em um patamar de preço mais alto”, finaliza.

Fernando Iglesias, coordenador de Mercados da consultoria Safras & Mercado, também vê o ciclo pecuário como principal fator para a alta prevista no preço da carne bovina em 2026. No entanto, não será o único. Segundo ele, o comportamento das exportações deve ter peso decisivo no reajuste.

“Nos anos de 2024 e 2025, o abate de fêmeas foi muito expressivo no Brasil, e isso é um sinal forte. Quando se descartam muitas fêmeas, a oferta é menor de animais jovens nas categorias de reposição de bezerro, boi magro e assim por diante lá na frente. O pecuarista, agora, opta pela retenção para gerar novos animais. Mas isso não acontece de uma maneira imediata. O que poderemos ver é um abate menor no próximo ano. Além disso, a venda de carne bovina para o exterior segue muito contundente e com a expectativa de números ótimos no próximo ano”.

As exportações brasileiras da proteína alcançaram 357 mil toneladas em outubro de 2025, o maior volume mensal desde o início da série histórica, em 1997, com faturamento de US$ 1,9 bilhão e alta de 39,1% em relação ao mesmo período de 2024.

No acumulado do ano, as vendas atingiram 2,79 milhões de toneladas e receita de US$ 14,31 bilhões. Os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) representam crescimento de 16,6% em volume embarcado e 35,9% nos valores faturados.

“Imagino que vamos ter preços altos no próximo ano para a carne bovina. A expectativa do mercado é essa. O consumidor brasileiro vai pagar mais por essa carne, sim. Se a China manter o ritmo de compra que teve esse ano, vamos bater recorde de embarques, caso contrário, teremos problemas. Mas mantendo um forte ritmo de embarque, o preço da carne fica mais alto”, completa Iglesias (Globo Rural)

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