Editorial Folha de S.Paulo
- De crise de hospedagem a incêndio, evento em Belém teve problemas em logística e infraestrutura
- Carta da ONU do dia 12 expôs precariedade da segurança após invasão de manifestantes, além de refrigeração inadequada e infiltrações
Terminou em chamas a sequência de falhas logísticas e estruturais que permearam a COP30 em Belém.
Na quinta (20/11), um incêndio atingiu o pavilhão dos países na zona azul, área reservada às negociações oficiais nacionais e da Cúpula dos Líderes. O fogo foi controlado em poucos minutos e não houve feridos. Segundo o Ministério da Saúde, 27 pessoas foram atendidas por inalação de fumaça ou crise de ansiedade.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse que o incêndio poderia ter ocorrido em qualquer lugar do mundo e que “não vai colar a ideia de que Belém não deveria sediar a COP”. Mas, ainda que o episódio tenha sido uma fatalidade, sabe-se que eventos com grande aglomeração de pessoas são arriscados e exigem atenção redobrada na organização.
E, desde o início, a escolha de Belém pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) suscitou preocupação por se tratar de uma cidade de médio porte com deficiências graves de infraestrutura, como saneamento, e que nunca havia recebido eventos internacionais próximos da magnitude de uma conferência da ONU.
Em julho, dezenas de negociadores enviaram uma carta ao governo brasileiro e à UNFCCC (braço climático das Nações Unidas) na qual relataram problemas de logística, como os altos preços das hospedagens, e pediram que ao menos parte da COP30 fosse transferida para outra cidade.
Após uma força-tarefa da Casa Civil e da ONU ampliar o auxílio financeiro a diplomatas, uma demanda de diversos países endossada pelo Brasil, a questão das acomodações foi resolvida. No início do evento, entretanto, emergiram outras complicações.
Em carta do dia 12, o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, expôs a precariedade da segurança local após uma invasão de manifestantes, além de refrigeração inadequada e infiltrações de água das chuvas que poderiam causar choques elétricos.
Até esta sexta (21/11), bombeiros e Polícia Federal não haviam atestado as causas do incêndio. A montagem e a transmissão da conferência são de responsabilidade da Organização dos Estados Ibero-Americanos.
Lula fez defesa veemente de Belém após comentários depreciativos do premiê alemão, Friedrich Merz, de fato inapropriados. A melhor forma de deixar para trás os problemas de organização, que não depende só do Brasil, seria um avanço palpável na conclusão da COP amazônica (Folha)





