Esgotamento da credibilidade da esquerda no Brasil

Por Paulo Junqueira

“Sem equilíbrio fiscal, educação não garante alta da renda ou saída do Bolsa Família: Os últimos dez anos foram desastrosos para os jovens da metade mais pobre do país em termos de acesso a bons empregos, apesar de a escolaridade deles ter dado um salto. Entre os que foram beneficiários do Bolsa Família, um terço permanece no programa, repetindo a trajetória de dependência do Estado que marcou a vida de seus pais. Criado em 2003, o Bolsa Família saltou de 3,6 milhões de beneficiários à época para 19 milhões hoje, consumindo R$ 13 bilhões mensais; 47% no Nordeste” – Folha de S.Paulo

“Gastos sem controle: 80% das propostas do Congresso e Planalto não trazem estimativas de despesas. Estudo do Movimento Orçamento Bem Gasto, que reúne Persio, Bacha, Armínio, Meirelles e outros notáveis, revela que governo e parlamentares são responsáveis por propor aumento de gastos sem calcular impactos para a sociedade” – O Estado de S.Paulo)

A semana passada foi pródiga em notícias envolvendo a gastança sem limites do governo Lula e o total descumprimento de parâmetros morais e éticos numa das piores gestões da Presidência da República na história do País. Ao invés de foco nos gastos públicos, Lula & Cia. usam e abusam da prática hostil de aumentar a arrecadação sem oferecer absolutamente nada em troca.

Vale a pena relembrar que em 2024, um estudo do IBPT, que comparou a carga tributária com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), posicionou o Brasil em último lugar entre 30 nações com as maiores cargas, indicando o pior retorno de bem-estar à sociedade. A esta contextualização deve-se acrescentar que o “Brasil Soberano” tem a maior carga tributária da América Latina, na ordem de 33,3% do PIB, enquanto a média regional é de 21,5%. 

O nosso (na verdade o “deles…”) governo gastador paga mais ao mercado e os títulos do Tesouro chegam a ser vendidos com juros de 8%. A causa é o descontrole das despesas e da dívida, enquanto as taxas caem na América Latina e na Ásia, com a expectativa de cortes nos EUA, aqui, a Selic está em 15% com diminuta perspectiva de corte. A dívida pública já se aproxima de 78% do PIB e, estima-se, que ela subirá até 95% em 2033.

No Brasil, com a Selic em 15% e os juros estratosféricos cobrados que inibem qualquer possibilidade de investimentos na produção com segurança, serão destinados R$ 840 bilhões aos credores da dívida federal apenas nos últimos 12 meses —o que inclui um grande presente para os famigerados rentistas.

O slogan “nós contra eles” adotado pelo PT confirma que a esquerda se vinga contra o agro e que Lula mais ataca quem produz e sustenta o Brasil. O agro, responsável por 25% do nosso PIB, virou alvo da irresponsabilidade fiscal do governo Lula e os maiores beneficiados pelos “companheiros” são mesmo os banqueiros amigos e a turma da “Faria Lima”.

Gestões temerárias nos Fundos de Pensão

Em 2024, o fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, reportou um déficit de R$ 14 bilhões, levando o Tribunal de Contas da União (TCU) a iniciar uma auditoria. Embora ocorra após o período mais associado à influência do PT, reflete problemas estruturais e de gestão que podem ter raízes em decisões passadas. Já em 2016 (Governo Dilma) a revista Veja reportou

que o rombo de fundos de estatais ultrapassava R$ 44 bilhões, ligando o prejuízo a influências do PT.

Segundo o Banco Central, formado por 7 diretores indicados por Lula e 2 pelo ex-presidente Bolsonaro, as estatais já acumulam perdas de quase R$ 9 bilhões. O valor é mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior. Subvenções do governo para manter empresas públicas somaram R$ 27 bilhões em 2024.

Correios são saco sem fundo no governo Lula

Aqui está uma tabela com os resultados (lucro ou prejuízo) dos Correios nos últimos anos, compilados a partir dos dados financeiros disponíveis e reportagens da imprensa, lembrando que Dilma Rousseff foi presidente no período de 2011/16, seguida por Michel Temer (2016/19) e Jair Bolsonaro (2019/22).

Ano Resultado (Líquido)Valor (em R$)
2025 (1º semestre)PrejuízoR$ 4,4 bilhões (o maior da história)
2024PrejuízoR$ 2,6 bilhões
2023PrejuízoR$ 597 milhões
2022PrejuízoR$ 767 milhões
2021LucroR$ 3,7 bilhões (o maior da história)
2020LucroR$ 1,53 bilhão
2019LucroR$ 102 milhões
2016PrejuízoR$ 1,5 bilhão
2015PrejuízoR$ 2,1 bilhões
2013PrejuízoR$ 313 milhões

Pontos-chave da evolução financeira

  • Lucro recorde em 2021: Em 2021, a estatal registrou seu maior lucro histórico, impulsionado pela alta demanda por serviços de entrega durante a pandemia.
  • Retorno ao prejuízo: Após o resultado positivo de 2021, a empresa voltou a registrar prejuízos em 2022 e 2023, que se aprofundaram de forma dramática em 2024 e no primeiro semestre de 2025.
  • Piora na competitividade: Analistas apontam que a perda de competitividade e a má gestão são fatores que contribuíram para o recente rombo bilionário.
  • Impacto no faturamento: O prejuízo recorde de R$ 4,4 bilhões no primeiro semestre de 2025 superou o resultado negativo de todo o ano de 2024, em parte devido à queda da receita e ao aumento das despesas administrativas (IA Google)

Indecência: Não nos representam!

O ministro da Agricultura Carlos Fávaro está sendo investigado por uma denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou indícios de sobrepreço em obras de recuperação de estradas vicinais que somam R$ 10,6 milhões em Mato Grosso que foram realizadas com verbas do Ministério da Agricultura.

O relatório cita quatro cidades de Mato Grosso, base eleitoral do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD). Ele foi vice-governador, é senador licenciado e uma das principais lideranças políticas do estado. Os municípios que formam parte da base territorial de Fávaro são estes:

Alta Floresta – R$ 987.988,14;

Canarana – R$ 1.695.970,92;

Gaúcha do Norte – R$ 1.144.079,28;

Querência – R$ 1.401.894,50;

Total – R$ 5.229.932,84

O TCU levantou deficiências em três procedimentos de engenharia. Vários pontos do relatório mencionam falhas de fiscalização que culminaram em R$ 10,6 milhões sob suspeita, assim distribuídos:

R$ 1,6 milhão – pagamentos de cascalho;

R$ 3,8 milhões – desembolsos por serviço sem comprovação de execução;

R$ 5,2 milhões – valor pago em material e pessoal que supera o necessário para a obra.

Produtores rurais de São Paulo se articulam

Inconformados com as sucessivas denúncias de desmandos, irregularidades e desvios de finalidades, produtores do agro paulista se articulam para formar a Federação dos Produtores Rurais do Estado de São Paulo que pode incentivar também produtores de outros Estados a criarem uma nova confederação de abrangência nacional.

Os mesmos produtores formaram em 2023 o movimento “Nova Faesp”, cujo objetivo é o de por fim à “dinastia Meirelles” referência à Fábio de Salles Meirelles, que durante quase meio século comandou a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp/Senar-SP e que tenta colocar como seu sucessor o filho Tirso.

A eleição de Tirso Meirelles foi anulada pela Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – TRT2 por fraude e irregularidades em dezembro de 2023. Sua auto posse agendada para 14 de abril de 2024 no Theatro Municipal de São Paulo também foi impedida pelo mesmo tribunal. Meirelles, filho, se mantém como presidente sub judice da maior federação da agricultura do País graças a efeitos judiciais suspensivos.

A ação que anulou as eleições de 2023 foi mantida por unanimidade em 2ª instância e tramita no Tribunal Superior do Trabalho em Brasília. O mesmo tribunal deu ganho de causa aos opositores de Meirelles na ação de “exibição de documentos” já que eles desconfiam que os 50 nomes que formaram a chapa da situação não era formada por legítimos produtores rurais. A dúvida envolve o próprio Tirso Meirelles.

A Faesp/Senar-SP até o momento não cumpre decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em ação impetrada pelo Sindicato Rural de Araraquara depois que o presidente sub judice Tirso Meirelles cancelou, por vingança e revanchismo, a transferência de todo e qualquer recurso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar para cursos de formação e requalificação profissional.

O Estado de São Paulo lidera as regiões que somam mais de 80% do faturamento do Valor Bruto de Produção do Agro, totalizando cerca de R$ 1,2 trilhão. A produção paulista chega a R$ 159,25 bilhões e a cana-de-açúcar é o principal produto paulista, impulsionando a agroindústria local e representando a maior parte do faturamento.

A laranja também se destaca, com São Paulo respondendo por dois terços da produção nacional. Os sindicatos rurais de Ribeirão Preto e de Araraquara representam os produtores das commodities da cana-de-açúcar e da citricultura e têm sido prejudicados pela miopia e má fé institucionalizada com o silêncio e a omissão do Senar Nacional comandado por João Martins, presidente reeleito há poucos dias para mais um mandato a frente da Confederação Nacional da Agricultura.

Várias:

  • Os custos de produção da safra 2025/26 no Brasil já se aproximam dos picos registrados em 2022, ano marcado por choques logísticos e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo o analista de inteligência de mercado da StoneX, Tomas Pernías, em seminário da consultoria. Para ele, o aumento nos preços internacionais de fertilizantes, especialmente ureia e fosfato diamônico (DAP), está pressionando novamente o custo operacional das lavouras, em especial soja e milho no Mato Grosso;
  • “O custo operacional não deu trégua para o brasileiro nos últimos anos. Em 2025 e 2026, temos um custo quase mais alto do que em 2022 para soja e para milho também”, afirma Pernías. A alta nos preços FOB (Free on Board) desses insumos no mercado global se reflete diretamente no Brasil, que depende fortemente de importações para abastecer sua demanda;
  • De acordo com a StoneX, os fertilizantes representam de 25% a 30% do custo operacional agrícola no país. A recente valorização dos preços internacionais, portanto, tem impacto direto na rentabilidade do produtor rural. “Se aumentou o preço lá fora, isso significa aumento dos custos de produção aqui dentro”, explica o analista;
  • A elevação dos custos ocorre em um cenário ainda marcado por incertezas econômicas e margens mais apertadas. A combinação de insumos mais caros e preços de commodities relativamente estáveis ou em queda pode reduzir o potencial de retorno para os produtores;
  • O cenário é mais complicado para quem precisa pagar arrendamento e financiamento, por conta dos juros altos e gastos elevados com alavancagem carregados de safras anteriores. Dessa forma, o espaço fica cada vez mais apertado para novos investimentos e pode culminar em uma concentração produtiva ainda maior nos próximos anos, com a saída da atividade de produtores endividados e o domínio de grandes grupos, alertaram especialistas e entidades de agricultores;
  • As receitas brutas da produção de grãos deverão ter declínio acentuado na temporada, segundo o pesquisador do Cepea-Esalq/USP Mauro Osaki. A perspectiva é de queda de 8,8% na soja, para R$ 6,6 mil por hectare, e 21% no milho segunda safra, para perto de R$ 4,5 mil por hectare, na comparação com 2024/25. As margens brutas também caem, mas ainda são positivas;
  • Produtores rurais acessaram R$ 156 bilhões no primeiro trimestre do Plano Safra 2025/26; retração foi mais acentuada na agricultura de grande porte;
  • Os desembolsos de crédito rural caíram 12% no primeiro trimestre do Plano Safra 2025/26 em comparação com igual intervalo do ciclo anterior. Ao todo, os produtores rurais acessaram R$ 156 bilhões em financiamentos tradicionais e por meio de Cédulas de Produto Rural (CPRs), segundo balanço preliminar do Ministério da Agricultura. Sem a contabilização dos títulos, o declínio do crédito rural “puro” seria ainda maior, de 27%, para cerca de R$ 100 bilhões;
  • Juros altos, endividamento crescente da carteira de agronegócios das instituições financeiras e aumento das exigências de garantias reais para concessão de novos empréstimos têm feito com que menos produtores acessem crédito rural. O número total de contratos de empréstimo caiu 16%. Entre grandes produtores, a queda foi de 48%, e entre os médios, de 30%;
  • Itamaraty pede R$ 352 milhões para fechar contas e cita risco de despejo em embaixadas. Falta de recursos ameaça apoio logístico a missões de Lula ao exterior, segundo pastaMinistério diz ainda que precisa de dinheiro para pagar aluguéis de imóveis oficiais e manutenção de embaixadas e consulados.

(Paulo Junqueira é advogado e produtor rural. É também presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação Rural do Vale do Rio Pardo)

Related Posts

  • All Post
  • Agricultura
  • Clima
  • Cooperativismo
  • Economia
  • Energia
  • Evento
  • Fruta
  • Hortaliças
  • Meio Ambiente
  • Mercado
  • Notícias
  • Opinião
  • Pecuária
  • Piscicultura
  • Sem categoria
  • Tecnologia

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Edit Template

Quer receber notícias do nosso Diário do Agro?
INSCREVA-SE

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.

© 2024 Tempo de Safra – Diário do Agro

Hospedado e Desenvolvido por R4 Data Center