- Presidente diz que pagamentos começarão no início de 2026
- Medida é adotada após pressão de produtores rurais, que são parte importante da base política republicana
Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (8) um pacote de auxílio de US$ 12 bilhões, financiado pela arrecadação de tarifas, destinado a agricultores americanos, que estão entre os grupos mais prejudicados pelas políticas comerciais de seu governo.
O plano de resgate surge num momento em que o setor agrícola dos Estados Unidos vem sendo atingido por uma combinação de tarifas retaliatórias sobre exportações e por custos mais altos de insumos, impulsionados por novas taxas americanas sobre produtos estrangeiros usados na produção rural.
Na Casa Branca, o presidente afirmou que sua administração usaria uma “pequena parcela” da nova receita advinda de tarifas e a redirecionaria aos agricultores, com pagamentos começando no início do ano que vem.
“Amamos nossos agricultores… eles são pessoas excelentes”, disse Trump. “São a espinha dorsal do nosso país.”
O presidente e funcionários do alto escalão da administração vêm sofrendo pressão de produtores rurais há semanas, inclusive em áreas fortemente republicanas, para aliviar o setor ou enfrentar uma perigosa erosão de apoio de uma parcela importante da base política.
“O anúncio de hoje reflete o compromisso do presidente em ajudar nossos agricultores, que terão o apoio necessário para atravessar o período entre os fracassos de [Joe] Biden e a entrada em vigor das políticas bem-sucedidas do presidente”, disse um porta-voz da Casa Branca.
O pacote ecoa um resgate multibilionário semelhante implementado por Trump em seu primeiro mandato, também adotado para amortecer o impacto de guerras comerciais.
Em 2018 e 2019, o governo Trump autorizou cerca de US$ 28 bilhões em resgates ao setor agrícola, incluindo pagamentos diretos a produtores de soja, amêndoas e carne suína.
Autoridades do governo já haviam sugerido usar o aumento da arrecadação tarifária para financiar um novo programa de auxílio conforme se aproxima o período de colheita.
Produtores de soja têm sido particularmente afetados pela redução das compras chinesas e pelos custos crescentes de máquinas e outros bens e insumos devido às tarifas impostas por Trump.
Funcionários do governo afirmaram que a perspectiva para o setor de soja melhoraria após a China concordar, no mês passado, em aumentar suas compras, mas os volumes vêm subindo lentamente.
Pequim se comprometeu a comprar 12 milhões de toneladas de soja americana nos dois últimos meses de 2025, além de 25 milhões de toneladas anuais nos três anos seguintes, após uma reunião entre Trump e o líder chinês Xi Jinping, em outubro.
Nesta segunda-feira (8), Trump disse que a China estava comprando “uma quantidade tremenda de soja”.
Na véspera, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que, embora a China esteja no caminho para cumprir os compromissos recentes, ainda se encontra “a um terço” das importações esperadas para a temporada.
O pacote de auxílio surge enquanto Trump lança um novo esforço para melhorar as péssimas avaliações da população na condução da economia, em meio ao crescente ceticismo dos americanos sobre sua capacidade de reduzir a inflação, promessa feita durante a campanha de 2024.
Trump afirmou nesta segunda (8/12) que impulsionar a produção agrícola doméstica seria “uma grande parte de como vamos tornar a América novamente acessível e reduzir o preço das compras para as famílias americanas”.
Falando à CNBC, Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional e favorito para ser indicado por Trump à presidência do Federal Reserve, disse que o poder de compra das famílias tem aumentado, mas que os EUA precisam “consolidar” os ganhos nos “salários reais” decorrentes de “choques positivos de oferta” trazidos pelo boom da IA, sem gerar inflação adicional.
“A única coisa que sabemos é que a inflação prejudica todo mundo, todos na economia”, disse Hassett (Financial Times)
