A isenção pode acirrar a competição para o café brasileiro, que ainda enfrenta uma tarifa de 50% nos EUA.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que o café está entre os produtos incluídos em um novo acordo comercial com o Vietnã, que o isentaria de uma tarifa de 20%.
“Queremos reduzir um pouco a tarifa sobre o café”, disse Trump aos repórteres a bordo do Air Force One, a caminho de Tóquio, acrescentando que poderia visitar o Vietnã, o maior produtor de café robusta.
A Casa Branca disse no domingo que os Estados Unidos e o Vietnã finalizariam um acordo comercial, nas próximas semanas, que manteria as tarifas de 20% sobre a maioria dos produtos vietnamitas, mas suspenderia as taxas sobre determinadas mercadorias.
A lista de tais produtos será decidida em um estágio posterior, disseram as duas nações em um comunicado.
Uma eventual isenção da tarifa para o café do Vietnã poderia aumentar a competitividade do asiático em relação ao produto do Brasil, que enfrenta uma tarifa de 50% para entrar nos EUA, ainda que as exportações brasileiras sejam, em sua maioria, da variedade arábica.
No final de semana, após encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Trump, entidades do setor do café do Brasil manifestaram a possibilidade de uma solução favorável para a questão das tarifas.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) destacou em nota no domingo a disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas atualmente em vigor, “que afetam diretamente a competitividade do café brasileiro nos EUA, gerando inflação aos consumidores norte-americanos e colocando em risco o market share do Brasil no maior mercado importador e consumidor de café do mundo”.
Os EUA também são os maiores importadores do café brasileiro.
“Diante desse cenário, o Cecafé aguarda por resultados concretos para a isenção das tarifas atualmente aplicadas ao setor do café, o que contribuirá para o recuo da atual pressão inflacionária ao produto no mercado dos EUA e para o fortalecimento da sustentabilidade de toda a cadeia produtiva brasileira”, disse o Cecafé.
Nesta segunda-feira, Lula disse que o presidente Trump “garantiu” durante reunião entre os dois líderes no domingo que os dois países chegarão a um acordo sobre o comércio (Reuters)
Café encerra sessão em baixa de mais de 3% na bolsa de Nova York
O preço do café arábica na bolsa de Nova York fechou em baixa de mais de 3% na sessão desta segunda-feira (27/10). Os contratos de prazo mais curto tiveram variações de mais de mil pontos, com o mercado considerando, principalmente, as condições climáticas em regiões produtoras e o avanço das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, que têm no café um de seus principais assuntos.
O contrato para dezembro de 2025 ajustou para US$ 3,9010 por libra-peso, queda de 3,2%. Para março de 2026, a cotação caiu para US$ 3,6895 por libra, retração de 3,68%.
De acordo com o Barchart, chuvas em regiões produtoras do Brasil e do Vietnã trouxeram perspectivas otimistas para o desenvolvimento dos cafezais.
Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, pontua, no entanto, que a situação climática nas regiões produtoras de café ainda trazem incerteza ao mercado, em meio a um cenário de baixos estoques globais.
No ambiente geopolítico, as conversar entre autoridades brasileiras e americanas pode trazer uma solução para a tarifa sobre o café. Principal exportador mundial, o Brasil tem nos Estados Unidos o maior comprador.
O encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no domingo (26/10), na Malásia, animou representantes da indústria de café, que manifestaram otimismo em relação a uma eventual retirada das tarifas de importação do produto (Globo Rural)






