Lavouras no Rio Grande do Sul são exceção, com bons volumes de chuvas nas últimas semanas
Análise da EarthDaily Agro, empresa de sensoriamento remoto com uso de imagens de satélites, aponta novas chuvas na zona do trigo nos próximos dias, principalmente em São Paulo, norte do Paraná e Mato Grosso do Sul, o que será positivo para o desenvolvimento das lavouras de trigo e cana-de-açúcar. Entretanto, a expectativa é de que a umidade do solo não aumente significativamente, permanecendo abaixo da média em várias regiões, especialmente no Paraná, onde será necessário maior volume para atingir níveis adequados. No Rio Grande do Sul, o excesso de umidade previsto em partes do estado pode facilitar a disseminação de doenças, exigindo atenção redobrada dos produtores.
Somente na zona do trigo no extremo sul do Brasil houve registros de alta precipitação. Nessa região, o acumulado de chuvas superou os 50 milímetros, chegando a valores entre 50% e 100% acima da média para o período. No entanto, a maior parte do país, incluindo outras áreas de produção de trigo, recebeu pouca ou nenhuma chuva. O volume de produção nacional estimado para essa safra é de 9,54 milhões de toneladas e produtividade média de 3,11 toneladas por hectare.
Além disso, entre os dias 8 e 15 de agosto, uma forte onda de frio atingiu o país, fazendo as temperaturas caírem mais de 5°C abaixo da média em diversas áreas, resultando em geadas em várias cidades. Na sequência as temperaturas subiram significativamente, de 3°C a 7°C acima da média.
“Análises dos índices de vegetação antes e após a onda de frio revelam uma queda nos valores em algumas regiões do Paraná e Santa Catarina, sugerindo impacto negativo nas lavouras de trigo. No entanto, ainda é cedo para afirmar o real impacto nas plantas porque, em algumas áreas, há possibilidade de que tenha ocorrido um erro de leitura devido à presença de nuvens”, destaca Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily Agro.
No leste do Paraná, onde houve registro de geadas, o índice de vigor das plantas (NDVI) apresentou dinâmica negativa, com queda acentuada dos valores, possivelmente indicando maior exposição ao frio neste ciclo ou um erro de leitura, assim como no oeste do estado, será necessário aguardar alguns dias para confirmação. A produtividade no estado está estimada em 2,79 sacas por hectare, 0,7% maior que na safra passada. O estado responde por cerca de 44% da produção nacional.
Já em Santa Catarina, o NDVI também caiu significativamente e ainda é incerta a dimensão do impacto das geadas nas lavouras de trigo. A produtividade no estado é projetada em 3,39 sacas por hectare (5% maior que na temporada anterior).
Por outro lado, o Rio Grande do Sul apresenta situação favorável. O NDVI não registrou queda significativa após a onda de frio, embora tenha mostrado leve piora, considerada normal para o ciclo das lavouras. No entanto, o excesso de umidade no solo, resultado das fortes chuvas recentes, é uma variável a ser monitorada, pois pode aumentar o risco de disseminação de doenças nas plantações. Até o momento, a produtividade está estimada em 3,44 sacas por hectare, 28% superior à safra passada.