Tributação é mais preocupante para o agro do que o tarifaço dos EUA

Relação Brasil-EUA nunca esteve tão ruim e isso é péssimo para o agro, afirmou Marcos Troyjo.

A questão tributária é mais preocupante para o agronegócio no médio prazo do que os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos sobre a economia do Brasil e o setor. A avaliação foi apresentada nesta quinta-feira (18/9) pelo economista, cientista social e diplomata Marcos Troyjo durante a 2ª Conferência de Direito e Agronegócio da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo), realizada em Ribeirão Preto, interior paulista.

Troyjo chama de “Trumpulência” a postura do presidente americano Donald Trump. Seria uma mistura de turbulência, imponência e incoerência, que tem um forte impacto sobre a economia brasileira.

Em sua avaliação, tarifar importações é uma política incoerente, porque vai machucar os americanos, e nenhum país tem tantas multinacionais em seu território. A imponência se explica porque os Estados Unidos estão mais poderosos do que nunca, com um PIB de mais de US$ 30 trilhões ante os US$ 3,6 trilhões da França ou os US$ 3,2 trilhões de toda a África.

O diplomata alerta, no entanto, que os EUA estão desregulamentando sua economia e reduzindo a tributação, que deve chegar a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), e tende a atrair muitos investimentos. Já o Brasil mesmo com a reforma tributária, deve ficar com uma carga equivalente a 33% do PIB.

No contexto do que chama de domínio da geopolítica sobre a globalização, Troyjo destaca que a relação Brasil-Estados Unidos nunca esteve tão ruim e isso é péssimo para o agronegócio.

“O governo brasileiro é de Marte e o americano é de Vênus. Tivemos muitos agravantes nessa relação nos últimos meses e, acredito, a situação só deve normalizar com o resultado das eleições brasileiras em 2026. Até lá, o Brasil permanece levando pancada no ‘corredor polonês’ instituído pelo governo Trump”, declarou.

O diplomata afirmou ainda que o agro brasileiro é importante para o mundo, mas os problemas enfrentados pelo setor já incomodam países que dependem dessa produção.

“Diante disso e da insegurança alimentar que deve afetar o mundo, que vai ganhar mais 2 bilhões de habitantes nos próximos 25 anos, o encaminhamento jurídico da porteira para dentro será fundamental para a atração de investimentos mundiais para a produção de alimentos e energia”, disse Troyjo.

Infraestrutura e segurança jurídica

A infraestrutura para escoamento da produção agrícola foi um dos seis grandes desafios do produtor rural, quatro deles ligados a questões jurídicas, citados no evento pela empresária rural, pecuarista e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Cristina Vendramini.

O primeiro desafio, segundo ela, é resolver a segurança jurídica. Depois, a questão indígena, com seu marco temporal, regularização e ambiental, e, por último, o armazenamento da produção.

Na conferência, também foram debatidos o aumento dos casos de recuperação judicial no agro, financiamento, endividamento do produtor rural e seguro rural.

Para o presidente da OAB-SP, Leonardo Sica, todos esses temas são fundamentais para o desenvolvimento do setor, que responde por cerca de um quarto do PIB brasileiro.

Sica lamentou que, atualmente, o Congresso e alguns setores jurídicos também estejam mais preocupados em discutir temas que não interessam ao Brasil. “Temos que recuperar nossa capacidade de defender o que realmente importa para a sociedade” (Globo Rural)

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