Tarifaço dos EUA pode elevar custo de produção e derrubar preços internos, afirma Sistema FAEP

Nota técnica da entidade aponta inviabilidade comercial de diversos produtos. País norte-americano foi o segundo principal destino das exportações paranaense em 2024
O Sistema FAEP manifesta preocupação com a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, especialmente itens agropecuários, a partir de 1º de agosto de 2025. Essa medida representa uma ameaça direta à competitividade do nosso agronegócio no mercado internacional, causando prejuízos significativos aos produtores paranaenses e brasileiros.
Confira a nota técnica na íntegra no site do Sistema FAEP.
“Diante desta situação, o Sistema FAEP pede que o governo federal abra um canal de negociação, buscando preservar nossos acordos comerciais e minimizar os impactos sobre quem trabalha no campo. O setor produtivo precisa de segurança e previsibilidade para continuar gerando emprego, renda e desenvolvimento”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Paraná, com exportações totalizando US$ 1,58 bilhão em 2024. Considerando o primeiro bimestre de 2025, o país é o terceiro principal destino das exportações paranaenses, com US$ 214 milhões. Os principais produtos vendidos ao país norte-americano envolvem produtos florestais (madeira, celulose, papel), café, couros, pescados e diversos itens alimentícios, todos vulneráveis ao tarifaço.
“Essa medida unilateral ameaça uma relação comercial historicamente importante para o Paraná, principalmente ao setor rural. É fundamental que haja atuação diplomática do governo federal à abertura das negociações para reverter e/ou mitigar a medida”, afirma Meneguette.
O Sistema FAEP, que representa os produtores rurais do Paraná, potência na produção e exportação de aves, suínos, tilápias e outras commodities agrícolas, está à disposição para contribuir com o diálogo com os Estados Unidos, minimizando os efeitos da medida.
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Na mira de Trump, Brasil vira risco e não parceiro

Por Emanuel Pessoa*

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a elevação para 50% da tarifa sobre produtos importados do Brasil. A medida, segundo ele, responde não apenas às acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas também ao que classificou como uma relação comercial desigual entre os dois países. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou o aumento, que quintuplica a alíquota imposta em abril, como forma de corrigir distorções nas trocas bilaterais.

Mas a questão central não é Bolsonaro. Pouco importa se Trump alega perseguição política ou censura. Tarifas não se impõem por compaixão, e sim por cálculo estratégico. Apesar da amizade pessoal entre os dois líderes, na diplomacia não há afetos, mas interesses. E os Estados Unidos, especialmente sob a ótica de Trump, não toleram obstáculos. Com a China já ultrapassada no retrovisor, é o Brasil que, agora, aparece como pedra no caminho.

Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo liberdade de expressão servem, na prática, como pretextos para endurecer a postura contra o Brasil. Assim como o tratamento dado a Bolsonaro, funcionam como argumento conveniente, não como causa real. Soma-se a isso o histórico contraditório da política externa americana, uma vez que o país que se apresenta como defensor da democracia já apoiou, sem pudor, regimes autoritários sempre que isso lhe convinha. Acreditar que a reação americana se baseia exclusivamente em princípios democráticos é, no mínimo, ingênuo.

A crise tem raízes internas. Decisões e posturas do Palácio do Planalto e do Itamaraty vêm desgastando a imagem do Brasil no cenário global. O governo insiste em “desdolarizar” o comércio internacional, tenta emplacar uma moeda dos BRICS e flerta abertamente com adversários estratégicos dos Estados Unidos, como se a América não fosse reagir.

Para Washington, o Brasil se tornou um risco geopolítico. Enquanto a China vê o país como seu novo celeiro e o governo brasileiro comemora, o que por aqui parece simples comércio, para os EUA representa ameaça. Eles analisam o tabuleiro e agem enquanto ainda têm poder de influenciar decisões. Se malconduzido, o Brasil vira ativo da concorrência. Por isso, vieram as tarifas.

Se estivesse alinhado aos Estados Unidos, Trump talvez vestisse um boné do STF e celebrasse a democracia brasileira. Interesses sempre prevalecem sobre ideologias. Isso não é um mito, mas um fato. O Brasil deixou de ser parceiro confiável e passou a ser visto como um “parceiro tóxico”, que gera ruídos, afasta aliados e compromete acordos. Um governo sem foco, que age por impulso, enfraquece sua credibilidade e compromete seu lugar no mundo.

*Emanuel Pessoa é advogado especializado em Direito Empresarial, Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela USP e Professor da China Foreign Affairs University, onde treina a próxima geração de diplomatas chineses.

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