Tarifaço dos EUA beneficia amendoim do Brasil indiretamente

China, que é o maior comprador mundial do produto, aumentou importações de grão e óleo do Brasil.

O tarifaço dos Estados Unidos já beneficia a cadeia do amendoim do Brasil, ainda que indiretamente. Com as sobretaxas do governo Donald Trump penalizando a relação comercial com a China, o país asiático volta-se ao grão e óleo brasileiros, explica a Associação de Produtores, Beneficiadores, Exportadores e Industrializadores de Amendoim do Brasil (Abex-BR).

Apesar de não ter números consolidados, Pablo Rivera, vice-presidente da entidade, está otimista e prevê mais vendas nos próximos meses para o cliente asiático, que é o maior comprador de amendoim do mundo – e, portanto, não ficará sem o produto e importará de quem estiver com volume disponível.

Mesmo com o clima prejudicando a safra atual do Brasil, há oportunidades de estreitamento comercial, acrescenta Rivera.

“Os EUA exportam cerca de 300 mil toneladas de amendoim para a China, mas com a guerra comercial o maior importador mundial passou a comprar mais da Argentina e do Brasil. Até por um sentimento antiamericano em alguns países, houve preferência por comprar do Brasil em vez dos EUA”, destaca em entrevista ao Valor.

Com a guerra tarifária e a disputa simbólica entre chineses e americanos, os EUA abriram caminho indireto para a safra do Brasil que, mesmo com problemas climáticos e de preço baixo da tonelada, agora vê oportunidade para vender mais a outros parceiros asiáticos, em especial para China.

Rivera também lembra que o mercado internacional do amendoim vive um momento de grande instabilidade. “Estamos num momento muito complexo. Houve superprodução nas principais origens nos últimos dois anos, enquanto o Brasil foi afetado pela seca, com quebras de 20% a 30% mesmo com aumento de área. Esse cenário trouxe muita dificuldade para as indústrias, já que os preços estão muito baixos, em torno de US$ 400 por tonelada.”

Por outro lado, enquanto as safras de outras origens produtoras, como Índia e países da África, não entram no mercado, o amendoim brasileiro – e até da Argentina – vai continuar ganhando espaço, destaca o executivo.

Segundo Rivera, entre os 45 associados da Abex-BR, de janeiro até julho, as exportações de óleo de amendoim do Brasil para China cresceram 150%, enquanto as exportações de amendoim em grão saltaram de 620 toneladas no mesmo período do ano passado para 22 mil toneladas entre janeiro e julho de 2025. “Mas, é difícil prever até onde isso vai, porque agora começam a entrar as safras de outros países, como Índia e nações africanas”, ponderou.

Exportações

Produtores de amendoim dos Estados Unidos acompanham a evolução do clima nesta safra, que pode ser grande caso as chuvas cheguem em tempo, mas enfrentam um cenário de demanda internacional em retração, conforme apontou o boletim de julho da Southeast AgNet, empresa dedicada ao setor agrícola do sudeste dos EUA.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), nos últimos dez meses as exportações americanas de amendoim somaram 415 mil toneladas, queda de 18% em relação às 506 mil toneladas de igual período do ano anterior.

Entre os principais compradores, o México segue na liderança, com 125 mil toneladas (queda de 3%), e o Canadá aparece como destaque positivo, com alta de 11%, para 124 mil toneladas.

Nos demais mercados, as reduções foram expressivas: China (recuo de 27%), Holanda (queda de 61%), Reino Unido (retração de 32%), Japão (redução de 44%) e Alemanha (queda de 37%).

Com a retração global, mesmo diante de preços mais competitivos, o setor avalia que a queda de 18% nos embarques é um dos maiores desafios atuais. A safra em andamento e o comportamento da demanda externa serão decisivos para o rumo da indústria nos próximos meses, diz o boletim da Southeast Agnet (Globo Rural)

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