- Padrão internacional dos equipamentos brasileiros ajuda na abertura da Europa
- Vendas no varejo continuam fracas neste ano, sem boas perspectivas para 2026
O setor de máquinas agrícolas também está de olho no desenrolar das negociações do acordo Mercosul-União Europeia. Prevista inicialmente para este final de semana, em Foz do Iguaçu (PR), a assinatura foi adiada para janeiro.
Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), avalia que, inicialmente, o agronegócio será beneficiado com a assinatura e que, com o passar dos anos e reduções de tarifas, o setor de máquinas agrícolas também conquistará novos mercados.
As máquinas brasileiras adquiriram padrão internacional, e o país pode avançar nas vendas para a Europa. A extensão e a diversidade da produção agropecuária brasileira geram demandas em várias áreas industriais, o que permitirá à indústria nacional atender a segmentos europeus ou fazer uma complementação das necessidades deles.
A abertura de novos mercados para o Brasil é importante para o desenvolvimento do setor. Nos dez primeiros meses deste ano, a indústria nacional colocou 5.170 tratores de roda e colheitadeiras no mercado externo, um número 0,4% superior ao de igual período de 2024, mas ainda bem inferior às 8.700 unidades de 2022.
O Brasil passa por um período de safra recorde, com a produção atingindo 352 milhões de toneladas de grãos neste ano, um volume que poderá ocorrer novamente no próximo, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Safra recorde, no entanto, não significa mercado aquecido, segundo Calvet. Os produtores, que já vinham com ritmo menor de investimento em máquinas desde 2023, pisaram no freio também neste ano, adquirindo 46,4 mil equipamentos até novembro, 2,1% a menos do que nos primeiros onze meses de 2024. As indústrias produziram mais, e as vendas no atacado subiram para 51,6 mil unidades, uma evolução de 16%. Boa parte dessas máquinas, no entanto, ficou nas concessionárias.
O setor agrícola vive um cenário de incertezas, devido a juros elevados e perda de renda no campo. Além disso, os preços das commodities são bem inferiores aos de 2022, período em que as vendas de máquinas e as exportações tiveram boa evolução.
Há uma queda significativa nas vendas de tratores de média e de alta potência, além da redução na comercialização de colheitadeiras, afirma Calvet. Ele aponta que a sobra de recursos do Moderfrota é um sinal claro desse cenário. A venda de tratores de baixa potência cresce, impulsionada por juros de 3% a 8% do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o que ameniza um pouco o cenário da indústria.
O presidente da Anfavea destaca a necessidade do avanço da tecnologia no campo, tanto para a busca de maior produtividade como para o uso de combustíveis alternativos. O setor industrial enfrenta, ainda, uma perda de competitividade nas exportações, em relação às dos países asiáticos, que têm preços menores e financiamentos mais ágeis para as máquinas.
Para a entidade, o setor é afetado, ainda, pelas licitações governamentais sem critérios, aumento da inadimplência e crédito caro.
Para 2026, o cenário continua desafiador. Os custos aumentam, os juros não têm perspectivas de baixa a curto prazo, o produtor passa por um período de endividamento alto e o clima continua gerando incertezas. É hora de repensar a forma de financiamento, afirma o presidente da entidade (Folha)






