Sementes piratas ameaçam lavouras e tecnologia agrícola no país

  • Operação apreendeu em agosto mais de 3.000 toneladas de produto falsificado no Rio Grande do Sul, líder nesse problema
  • Perdas econômicas ultrapassam R$ 10 bilhões, segundo estudo de associação do setor agrícola

A falsificação de sementes agrícolas, especialmente de soja, vem crescendo no Brasil e movimentando um mercado ilegal que causa prejuízos bilionários ao setor. A estimativa é que 11% do mercado nacional de sementes de soja seja composto por materiais piratas, gerando perdas econômicas que ultrapassam R$ 10 bilhões. segundo estudo da CropLife Brasil —associação que reúne a experiência de diferentes segmentos que trabalham com pesquisa, desenvolvimento e inovação agrícola.

O problema é mais comum nas regiões Sul e Nordeste, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde o índice de uso de sementes piratas chega a quase o triplo da média nacional. No dia 30 de agosto, foram apreendidas mais de 3.000 toneladas de sementes piratas no RS, numa ação conjunta entre Polícia Civil, Mapa e Secretaria Estadual da Agricultura.

Questionado sobre os impactos de sementes falsificadas para a agricultura brasileira, o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) não se manifestou.

A prática da falsificação de sementes, antes restrita a trocas regionais e informais, agora se expande pelo comércio eletrônico, com plataformas digitais facilitando a circulação de produtos sem certificação. As sementes piratas são aquelas produzidas fora do SNSM (Sistema Nacional de Sementes e Mudas).

Segundo a Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), as sementes salvas, reaproveitadas da própria lavoura, podem parecer uma alternativa econômica, “mas trazem riscos como a perda de vigor genético, que reduz a produtividade ao longo do tempo, maior suscetibilidade a doenças e desuniformidade na lavoura, o que dificulta o manejo, a colheita e a comercialização”.

A entidade recomenda o uso de sementes híbridas e certificadas, já que “oferecem tecnologia que retorna em produtividade, qualidade e previsibilidade”.

Para pequenos agricultores, isso se traduz em mais renda com menos esforço, menos perdas causadas por doenças ou clima e maior competitividade no mercado local”.

A semente salva é aquela que o agricultor reserva da própria colheita para usar no plantio da próxima safra, na propriedade dele. É proibida a venda dessa semente. As falsificadas são aquelas que não têm certificação ou garantias de procedência.

A pirataria de sementes ocorre quando o produtor adquire ou reutiliza material genético não autorizado, fora do controle de qualidade e sem pagamento de royalties. Esse tipo de semente, muitas vezes reproduzida sem registro oficial, compromete o desempenho da lavoura e aumenta os riscos de disseminação de pragas e plantas invasoras.

Na fábrica da Syngenta, em Uberlândia (MG), há foco na regulamentação das sementes e também com a seleção de produtos que serão disponibilizados no mercado. A falsificação deles é algo que a empresa tem fortalecido ações estratégicas para dissolver redes de falsificação, oferecendo um canal direto para que agricultores possam denunciar práticas suspeitas.

“Temos um compromisso inabalável com a integridade do agronegócio brasileiro. Temos um canal aberto para receber relatos de casos suspeitos, que são investigados com a máxima cautela para garantir a qualidade de nossos produtos. Essa colaboração direta com os agricultores é crucial”, disse o gerente de segurança corporativa, Daniel Nascimento.

Segundo a CropLife, o combate à pirataria de sementes passa por maior fiscalização e pela ampliação das campanhas educativas junto aos produtores. Além da intensificação das ações de apreensão, a entidade defende a criação de mecanismos que incentivem o uso de sementes certificadas e o fortalecimento da rastreabilidade dos produtos (Folha)

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