Sementes falsificadas enganam produtores e comprometem resultados no campo 

Material de plantio sem registro ou não certificado causa prejuízos e ameaça a qualidade das pastagens

A pirataria de sementes segue como um dos principais desafios do agronegócio brasileiro. Estimativas apresentadas no Seed Congress of the Americas 2026 apontam que 11% da área de soja no país é cultivada com sementes não registradas ou não certificadas, o que representa um prejuízo anual de até R$ 10 bilhões à cadeia produtiva. Embora o problema seja mais visível na soja, ele se estende a outras culturas, como forrageiras, algodão, arroz e feijão, comprometendo a produtividade e a sustentabilidade do setor. 

 Segundo a Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS), o uso de sementes piratas provoca perdas de qualidade, dissemina pragas e doenças e reduz a eficiência das lavouras. A diretora-executiva da entidade, Andreia Bernabé, alerta que a semente é o ponto de partida de toda a produção, e que economizar nesse momento pode custar caro depois. 

 “A semente legal garante origem, qualidade, pureza genética e resultados previsíveis no campo, enquanto a semente ilegal traz riscos de baixa produtividade, contaminações e prejuízos irreversíveis. Investir em semente certificada não é gasto: é segurança, rentabilidade e respeito ao futuro da agricultura brasileira. destaca que o produtor precisa enxergar a semente como o ponto de partida de toda a produção”, esclarece. 

 De acordo com a executiva, apesar dos avanços na conscientização, o problema ainda preocupa. “Seguimos trabalhando para fortalecer o mercado formal e valorizar quem faz a agricultura de forma correta, garantido a pesquisa para novos cultivares de forma sustentável”, diz Andreia. 

 Qualidade garantida 

 Entre as forrageiras, uma das cultivares visadas pela pirataria é o Mavuno, braquiária híbrida desenvolvida pela Wolf Sementes conhecida por sua tolerância à seca e adaptação a climas quentes. O produto, conhecido por seu alto desempenho em formação de pastagens, tem sido falsificado e vendido ilegalmente — muitas vezes substituído por Brachiaria ruziziensis, de qualidade inferior, e oferecido a preços muito baixos. 

 Ao contrário da versão original, o produto falsificado costuma apresentar baixa pureza e vigor, além de conter ervas daninhas, misturas varietais e pragas, sendo comercializado fora das normas do MAPA. Já o autêntico Mavuno é uma semente de vigor, livre de contaminantes, pode ser de alta pureza (VC 76) ou tratada com fungicida e inseticida na versão incrustada, embalada em sacaria apropriada e lacrada, e possui coloração azul característica, que garante rastreabilidade e identificação imediata. Mavuno é exclusivo da Wolf Sementes e só pode ser comercializado por seus canais e parceiros regularizados. 

Para Tiago Penha Pontes, engenheiro agrônomo e Gerente Técnico da Wolf Sementes, a pirataria representa um risco não apenas econômico, mas também de imagem e produtividade. “Nosso compromisso é entregar ao produtor um material de alta performance, que oferece segurança e resultados reais no campo. Quando alguém opta por uma semente pirata, coloca em risco toda a cadeia produtiva e o trabalho de quem investe em pesquisa, qualidade e tecnologia”, afirma.  

Pontes destaca ainda que a comercialização ilegal é crime e prejudica o avanço de novas tecnologias no campo. “Cada saca de semente falsificada é um golpe contra o produtor e contra o futuro da agricultura responsável”, reforça. 

Orientação 

 Para Andreia Bernabé, a falsificação de sementes compromete não apenas o bolso do produtor, mas também o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro. Segundo ela, optar por sementes certificadas é a garantia para produtividade, segurança e longevidade para o negócio rural. “Investir em semente certificada não é gasto: é segurança, rentabilidade e respeito ao futuro da agricultura brasileira”, acrescenta a executiva. 

A APPS orienta os produtores a tomarem alguns cuidados simples, mas fundamentais, na hora da compra. É essencial verificar se o fornecedor está registrado no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas, do MAPA), exigir nota fiscal e termo de garantia da qualidade — emitido por laboratório credenciado — e observar se a embalagem está lacrada, íntegra e sem sinais de violação. Esses elementos garantem que a semente é de procedência certificada e que passou por rigorosos controles de qualidade genética e sanitária. 

As denúncias de comércio irregular podem ser feitas anonimamente no site da APPS (appssementes.com.br) ou diretamente no portal do MAPA (www.gov.br/agricultura

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