RS: Arroz, que perde área para soja, agora tem disputa com pecuária

  • Elevação de custo na produção do cereal faz produtor optar por outras atividades
  • Enquanto não houver uma política de estímulo para estoques, consumidor irá ficar suscetível a variações de preços

Pelo menos 85% da área que será destinada ao arroz no Rio Grande do Sul nesta safra 2025/26, estado líder na produção nacional, já foi semeada. O cenário deste plantio, no entanto, não é o mesmo do verificado no período anterior. Embora dados oficiais indiquem uma área de 920 mil hectares para o estado, o espaço que será dedicado ao cereal poderá ser inferior a 900 mil.

Isso significa que o consumidor, que está se beneficiando de uma deflação de 23% nos preços do cereal neste ano, poderá amargar alta em 2026. Nos últimos dois anos, incentivados pelo preço, que chegou a R$ 131 por saca, os produtores aumentaram a área e obtiveram uma produção recorde de 12,8 milhões de toneladas no país. O mesmo ocorreu nos países vizinhos do Mercosul, fornecedores do cereal para o Brasil.

Para a safra que está sendo semeada, o custo de produção é superior ao que os produtores estão recebendo por saca nas vendas, diz Vlamir Brandalizze, analista do mercado de arroz. Não vai faltar cereal no próximo ano, uma vez que o clima está favorável, mas a oferta não será tão elevada como a de 2025. Há fôlego para uma produção entre 10,5 milhões e 11,5 milhões de toneladas.

Menos atrativo para o produtor, o arroz, que já vinha perdendo espaço para a soja, agora está sendo substituído também pela pecuária em várias regiões do Rio Grande do Sul. Brandalizze diz que, enquanto não houver uma política de estímulo para estoques de governo, produtores e indústrias, o consumidor vai ficar suscetível a fortes variações de preços. Estão ficando no mercado apenas os produtores que conseguem boa produtividade.

“Este é um ano difícil, o mais conturbado desde 1995”, diz o analista. Há promoções de R$ 10 por pacote de cinco quilos do arroz comercial e de R$ 14 a R$ 16 para os top de mercado. São preços bons para os consumidores, mas insustentáveis para o resto da cadeia, afirma.

O mercado externo também não ajuda. O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) prevê produção mundial recorde 541 milhões de toneladas neste ano, para um consumo de 538 milhões. Oferta mundial maior e dólar em patamar mais baixo inibem as exportações brasileiras.

Não são apenas os produtores brasileiros que sentem o novo rumo do mercado. A Índia voltou a liberar as exportações para elevar a renda dos produtores, enquanto outros países da Ásia, principal região produtora e consumidora de arroz, inibem importações e priorizam a produção interna.

Brandalizze diz que o descasamento entre preços de venda e custos de produção ocorre também em outros mercados, como o asiático e o americano. Isso tem levado o produtor a usar menos insumo, o que resultará em queda na produtividade.

A ureia, muito usada na produção, está mais escassa. A Rússia, envolvida na guerra com a Ucrânia, tem dificuldades em abastecer o mercado. A China, outra importante fornecedora, devido a uma diversificação interna de culturas, está exportando menos, diz o analista (Folha)

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