Para o médico-veterinário, Alexandre Camargo, sócio-diretor da FNF Ingredients no Brasil, o principal efeito será a retomada de capacidade ociosa nas plantas habilitadas e contratos de longo prazo. Após retorno das exportações para a União Europeia, autorizada na semana passada, missão chinesa segue em visita a frigoríficos brasileiros
A União Europeia suspendeu na semana passada o embargo à importação da carne de frango brasileira, estabelecido após notificação de foco de gripe aviária no Brasil. “Agora, estamos na iminência de seguir pelo mesmo caminho em relação à China, um importante parceiro comercial do Brasil”, diz Alexandre Camargo, médico-veterinário e sócio-diretor da FNF Ingredients no Brasil, empresa chinesa especializada na oferta de nutrientes para ração de aves, suínos e bovinos, presente no país há cinco anos.
A missão chinesa segue em visita a frigoríficos no país, em auditoria que verificará a possibilidade da reemissão de certificados a plantas habilitadas para a exportação da carne brasileira. A China responde por cerca de 10% das exportações de frango no Brasil, um peso menor quando comparado ao de outras proteínas, como a carne bovina e suína. “Isso demonstra que, ao longo dos anos, temos ampliado frentes de mercado alternativas. Para avaliar o impacto desse iminente retorno, é preciso considerar também o estoque dos produtos específicos para a China nos frigoríficos. Com o embargo, as plantas pararam de produzir esses cortes”, explica Alexandre. “A reemissão de certificado acontece por planta habilitada”, completa.
No que diz respeito a UE, a suspensão recoloca a região como destino-âncora de maior valor agregado para alguns cortes, sobretudo para peito desossado, cortes premium e processados. “O frango exportado para a Europa tem preço mais elevado, em relação ao praticado para a China. Mas o efeito do retorno das relações comerciais, com os dois mercados, não será exatamente um salto de produção na economia nacional, e sim a melhora de mix e preço nas plantas habilitadas, com o uso de capacidade ociosa e contratos de longo prazo”, diz Alexandre.
A FNF Ingredients não sofreu grande impacto com os embargos, tampouco com o tarifaço norte-americano. “É claro que a suspensão das importações pela UE e China não pode ser desprezada, mas o Brasil conseguiu outros mercados relevantes nesse intervalo. O tarifaço também não incidiu de forma tão negativa, já que os EUA, nesse caso, são nossos concorrentes e não exatamente clientes”, diz Alexandre. “No que diz respeito à carne bovina, tem havido apetite crescente pelo produto brasileiro no Oriente Médio, Norte da África, como no Egito; América Latina, no Chile e México; e Ásia, em países como Hong Kong e Filipinas”, completa.
Alexandre lembra que, em 2024, o Brasil embarcou aproximadamente 3 milhões de toneladas de carne bovina, o equivalente a US$ 12 bilhões, com diversificação gradual fora da China.
Negócios no Brasil
Acompanhando as estimativas de crescimento do setor, a FNF Ingredients espera encerrar 2025 com faturamento de R$ 50 milhões no Brasil, o que equivale ao dobro da receita bruta de 2024. A estimativa baseia-se sobretudo em um novo produto do portfólio: a distribuição da vitamina E para a ração de suínos e aves. “A vitamina E é o nutriente de maior volume na composição de ração para a suinocultura e avicultura. Nos bovinos, ela também atua como um oxidante biológico, melhorando a coloração, o sabor e a conservação da carne, e aumentando o tempo de prateleira do produto”, explica.