Por Roberto Waack
Em meio às polêmicas sobre logística em Belém, já há efeito concreto de engajamento empresarial nos meses que antecedem o evento e deve prosseguir em 2026.
A COP-30 pode ter um papel determinante para que o mundo fale cada vez menos de COPs e cada vez mais de soluções concretas para endereçar a crise climática e de depleção de recursos naturais.
Em meio a um ambiente geopolítico desfavorável, a um cansaço dos intermináveis e pouco eficientes debates diplomáticos, agravados pela maior crise de credibilidade que o multilateralismo enfrenta em sua História, as negociações deixarão de ser a principal protagonista. Não deve ser uma COP de grandes ambições.
No âmbito político nacional, provavelmente venha a apresentar mensagens confusas e ambíguas, derivadas da evidência de que não são realistas as expectativas sobre transição energética e desconexão da dependência de combustíveis fósseis no curto prazo. Ao mesmo tempo, deverá trazer elementos importantes da conexão entre clima e recursos naturais, tendo as florestas na centralidade deste debate.
Neste campo, são previstas demonstrações concretas de ações de grande escala voltadas para redução das emissões de carbono nos setores de uso da terra, notadamente produção de alimentos, mineração e energia. Talvez venha a ser uma COP de passagem de bastão para o setor empresarial, com reconhecimento das limitações que governos enfrentam para lidar com o desafio climático, mobilizando de uma maneira inédita, os atores produtivos.
Iniciativas como SBCOP (movimento liderado pela CNI) deverão ter protagonismo importante nas áreas da bioeconomia, agronegócios e soluções baseadas na natureza. O esforço coordenado por organizações como Instituto Arapyaú e Instituto Itaúsa, com a apresentação de densa documentação no livro “Soluções em Clima e Natureza do Brasil” conecta-se à iniciativa
Na mesma direção, o modelo inovador de Enviados Especiais, diretamente ligados à estrutura de governança da COP, apresenta estudos setoriais também voltados para ações do setor empresarial, tais como florestas, agronegócios, mobilidade e energia.
Riscos climáticos, estratégias de adaptação, novas práticas produtivas, tecnologias e modelos de negócio devem evidenciar, na COP-30, demandas para equalização das condições fiscais, tributárias e financeiras, para que os exemplos reais e de boa escala se tornem modelos produtivos prevalentes.
Em meio às polêmicas sobre logística em Belém, já há efeito concreto de engajamento empresarial nos meses que antecedem o evento e deve prosseguir em 2026, período em que o Brasil continuará a exercer a presidência do movimento (Estadão)





