- Partido apresenta à cúpula propostas para um eventual quarto mandato de Lula
- Documento critica privatizações e rentismo do BC de maioria indicada pelo presidente
Henrique Meirelles presidiu o Banco Central sob Lula 1 e 2 e foi ministro da Fazenda de Michel Temer, o “golpista” dos petistas. Insuspeito, costumava dizer que quando queria uma avaliação de seu trabalho, consultava o mercado: preço do dólar, Bolsa e juros futuros.
Na sexta (5/12), com o anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência, esses indicadores pioraram abruptamente. O mercado precificou a chance de Lula voltar ao comando em 2027.
No fim de semana, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores distribuiu à cúpula petista o documento “Resolução Política”, com propostas que devem ser referendadas no 8º Congresso Nacional do partido, em abril. Antecipado pelo Poder360, o texto dobra a aposta que provoca calafrios no mercado.
“Nosso programa precisa articular o papel do Estado como indutor do desenvolvimento”, diz um trecho, e enfrentar o “rentismo, que concentra a renda e limita o crescimento”, outro. Afirma ainda que o PT deve conter as privatizações das estatais.
Começando pelo fim, entre 2022 e 2024, o lucro líquido das estatais sob Lula caiu a menos da metade, de R$ 275 bilhões para R$ 116 bilhões. Tirando bancos públicos e Petrobras da conta, há déficit de R$ 6,35 bilhões neste ano até outubro –perto do pior resultado da história.
Sobre o rentismo, 7 dos 9 membros da cúpula do Banco Central foram indicados por Lula, inclusive o presidente. Neste ano, R$ 1 trilhão em juros serão transferidos à minoria “rentista”. É o mesmo valor pago a 41 milhões de beneficiários do INSS.
Essa brutal concentração de riqueza não combina também com a promessa de “distribuição da renda” no documento do PT, e resulta da Selic mantida em 15% ao ano para conter a inflação gerada por gastos excessivos e déficits fiscais durante Lula 3.
Por fim, sem nada excepcional acontecendo (como foi a pandemia), Lula 3 deve chegar ao fim com dívida pública bruta cerca de dez pontos maior do que quando assumiu, em mais de 82% como proporção do PIB. Isso tanto pelos juros altos quanto por descumprir a regra fiscal que ele próprio criou, e da qual tira despesas “extraordinárias” a todo momento.
Com essa combinação de estatais enfraquecidas, déficits persistentes e regra fiscal desacreditada, cabe a pergunta: como o Estado vai induzir o desenvolvimento?
As respostas que já têm sido dadas são déficits e mais endividamento público –que tendem a pressionar dólar e juros e a derrubar a Bolsa.
Foi o que se viu, de forma aguda e concentrada, na sexta (Folha)




