Índice de Produção Agroindustrial caiu 5,3% no mês e fez com que resultado do semestre ficasse negativo.
A produção da agroindústria teve em junho seu primeiro mês de queda na produção neste ano, refletindo as altas taxas de juros e a restrição de crédito à economia de maneira geral. O Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), elaborado pelo Centro de Estudos do Agronegócio da FGV (FGV Agro), cedeu 5,3% na comparação anual, o pior desempenho desde novembro de 2021.
O indicador já vinha mostrando que a agroindústria estava desacelerando nos meses anteriores. Com o resultado de junho, a atividade do setor no acumulado de 2025 recuou 0,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto no primeiro trimestre houve aumento de 2,1% na produção agroindustrial, no segundo trimestre o resultado foi negativo em 3,1%.
O resultado de junho antecedeu o tarifaço de Donald Trump, anunciado apenas em 9 de julho. Segundo o FGV Agro, a sanção americana apenas aumentará a pressão sobre a agroindústria neste segundo semestre.
A retração da agroindústria em junho foi disseminada entre os diversos segmentos. Na agroindústria de produtos alimentícios, o volume produzido recuou 3,2%, enquanto em bebidas, a queda foi de 5%.
Nesses segmentos, a maior queda foi registrada na indústria de alimentos de origem vegetal, cuja retração foi de 10,8%, derivada da redução da produção de conservas e sucos, refino de açúcar, café, trigo e arroz. Já a produção de óleos e gorduras aumentou no mês.
Mesmo com os embargos à carne de frango brasileira por causa do foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, as indústrias de alimentos de origem animal tiveram crescimento de produção, na ordem de 2,6%. Houve incremento na produção de carnes, laticínios e pescados.
Por sua vez, a produção das indústrias de itens não alimentícios caiu 7,5%, a maior queda desde março de 2024. Foi ainda o pior resultado para um mês de junho desde 2020, quando o segmento começou a sentir os efeitos do início da pandemia e recuou 14,5%.
A retração dessas agroindústrias foi puxada pela queda de 45,1% na produção de biocombustíveis, dada a quebra na safra de cana e o menor direcionamento para a produção de etanol. Houve também redução de 1,6% no segmento florestal, com a menor fabricação de papel e celulose.
Já a produção da indústria de insumos agropecuários cresceu 16,2%. Também houve expansão das indústrias de fumo (13,7%) e produtos têxteis (4%) (Globo Rural)