Para analista, a área é menor na safra de verão e a safrinha chega mais tarde.
O primeiro semestre do próximo ano vai ser um período de emoções para o setor de milho. E o maior problema poderá não ser o clima.
O plantio da safra de verão é menor, as exportações já somam 24,4 milhões de toneladas e a chegada da safrinha ocorrerá mais tarde do que foi neste ano.
As avaliações são do analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, feitas no Safras Agri Week 2024 da consultoria.
Com esse comportamento do mercado, ele acredita que os estoques de passagem da safra 2023/24 para 2024/25 serão reduzidos para 7 milhões de toneladas. Esses estoques finais são apertados, principalmente porque o plantio mais tardio da safrinha poderá levar a colheita para agosto e setembro.
Atraso de plantio, no entanto, não significa quebra de safra. A cultura do milho terá mais problemas de crédito do que de clima, afirma ele.
Molinari diz que as exportações de 2024 não têm o volume de 2023, quando as vendas externas somaram 34 milhões de toneladas até setembro, mas são adequadas para a safra menor deste ano.
O analista acredita em um período apertado no setor de milho devido às exportações, safra menor no verão, atraso na colheita da safrinha e demanda interna aquecida no primeiro semestre.
O setor de carne demanda muito milho, e a pressão vem também da indústria de etanol do cereal. Serão seis novas unidades no próximo ano, com demanda de mais 7 milhões de toneladas do cereal.
Molinari diz que o mercado vai se adequar, fazendo importações e reduzindo exportações, previstas, por ora, em 40 milhões de toneladas.
A pecuária também é um fator de aceleração da instalação das usinas. O DDG, o farelo que sai da indústria de etanol de milho, tem 30% de proteína e é bem aceito na pecuária de leite e de corte.
Segundo o analista, o mercado de etanol de milho é bastante competitivo no Brasil, e deverá utilizar pelo menos um terço da produção do cereal nas usinas dedicadas a esse combustível nos próximos anos.
Esse é o percentual utilizado nos Estados Unidos, onde uma lei não permite um consumo de milho para a produção de etanol acima desse patamar. No Brasil, não existe essa limitação.
A produção de milho não é concorrente da de cana-de-açúcar, mas as usinas tradicionais estão de olho nessa atividade. O esmagamento do milho, além do etanol, gera o DDG, óleo não comestível, que serve para a indústria de perfumaria, e adoçante para refrigerantes.
O preço do etanol está em R$ 2,61 por litro em Paulínia (SP), conforme acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O valor supera o de igual período do ano passado, quando o combustível estava cotado a R$ 2,23.
A saca de milho está sendo negociada a R$ 66 na região de Campinas (SP), acima dos R$ 60 de há um ano, segundo o Cepea.