Maiores altas vêm de proteína animal e café, que acumulam recordes na exportação.
Os preços continuam em alta no campo e pressionam o bolso do consumidor. A alta vem principalmente da proteína animal, devido à forte demanda externa.
Vários itens estão com valores recordes nas negociações entre produtores e compradores, o que levou a inflação da terceira quadrissemana de novembro subir para 2,24%, bem acima do 1,34% de outubro.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que coleta preços semanalmente na cidade de São Paulo.
No campo, o setor vive de preços elevados. A arroba de boi atingiu R$ 352 no final de novembro, acumulando uma média mensal de R$ 338, a maior desde março de 2022, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O valor da carne bovina é sustentado tanto pelas exportações como pela demanda interna. Os dados parciais da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) para novembro indicam que as vendas externas da carne bovina “in natura” subiram para 12,9 mil toneladas por dia útil, um avanço de 37% em relação às do mesmo período de 2023.
Apesar do aumento dessa proteína, o consumidor interno mantém a demanda aquecida. Acompanhamento do Cepea aponta alta de 7% do
A carne suína também encontra procura maior no mercado interno e externo. Com isso, o preço recebido pelo produtor subiu para R$ 10,1 por quilo em novembro, aumento de 8,2%, em relação a outubro.
As exportações dessa proteína estão em patamares recordes. Nos dados acumulados até a terceira semana do mês passado, o Brasil colocou uma média de 9.374 toneladas de carne suína no mercado externo, 106% a mais do que em igual período de 2023.
O frango, diante dos aumentos de preços das carnes bovina e suína, ganha competitividade no setor, uma vez que é o produto mais acessível ao consumidor. A proteína termina novembro com alta de 8%, o maior patamar de preço desde 2022.
As exportações de carne de frango estão em 25,3 mil toneladas por dia útil, 42% a mais do que em novembro de 2023, segundo dados da Secex.
O café é o produto que mais sobe no campo. A saca do tipo arábica está sendo negociada pelo valor recorde de R$ 2.091, uma evolução de 37% apenas no mês passado.
O robusta, com menor oferta mundial devido ao efeito do clima nos principais países produtores, subiu para R$ 1.767 por saca, um valor 22% acima do de outubro.
A redução da oferta de café no mundo beneficia o Brasil. Conforme os dados provisórios de novembro, o país já exportou o correspondente a US$ 75 milhões por dia útil desse produto, 102% a mais do que em novembro do ano passado.
Se as proteínas disparam de preços, arroz, feijão, leite, soja, milho e trigo ainda mantêm valores em patamar elevado, mas com tendência de queda.
A saca de arroz é negociada no Rio Grande do Sul a R$ 104, com retração de 13% no mês passado. O feijão, com maior oferta, está em R$ 262 por saca em Itapeva (SP), com recuo de 3% no mês.
O preço do leite atingiu o pico em setembro, mas começou a cair em outubro e deve manter essa tendência, uma vez que há uma melhora na oferta. O setor de trigo aumentou as importações, e os preços recuaram 1% no mês passado.
Soja e milho, após atingirem os maiores preços desde o início de 2023, na média mensal de novembro, terminaram o mês em queda.
Essa queda poderá reduzir custos na produção de proteínas e aliviar a alta que o óleo de soja vem registrando nos supermercados (Folha)