Safra dos Estados Unidos, volta das “retenciones” na Argentina e números de produção na Europa direcionaram os operadores do mercado futuro de grãos.
O preço da soja fechou em alta na bolsa de Chicago, nesta sexta-feira (26/9). O contrato para novembro de 2025, o mais negociado, ajustou para US$ 10,13 por bushel, 0,15% acima do fechamento do dia anterior. Para janeiro de 2026, a soja foi cotada a US$ 10,33 por bushel, aumento de 0,17%.
O movimento do dia não foi suficiente para reverter o resultado da semana. Os dois contratos acumularam baixa de 1,12%, informa o Valor Data.
A consultoria Granar, da Argentina, vincula o movimento do dia à percepção de que a safra dos Estados Unidos pode ser inferior à projetada pelo Departamento de Agricultura do país (USDA). A volta da cobrança de taxas de exportação pela Argentina também direcionou as decisões dos operadores do mercado futuro.
Nesta semana, o governo de Javier Milei informou que as chamadas “retenciones” voltariam a incidir sobre os embarques de commodities agrícolas. Os impostos tinham sido zerados dias antes, o que levou a uma procura por soja argentina pela China, maior importador global.
Essa demanda dos chineses pelo grão do país sul-americano foi mais um motivo de preocupação para os sojicultores americanos. Devido à guerra comercial, eles não estão fechando negócios com compradores do país asiático.
No Brasil, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais reviu sua estimativa de exportação de soja para o mês de setembro, de 7,53 milhões para 7,15 milhões de toneladas. A Granar destaca que o número é inferior ao de agosto, mas superior ao de setembro do ano passado.
Milho
O contrato de milho para dezembro de 2025 caiu 0,88%, cotado a US$ 4,22 por bushel. Para março de 2026, os lotes do cereal caíram 0,79%, para US$ 4,38 por bushel. O acumulado da semana também foi negativo na bolsa, informa o Valor Data. Para dezembro, queda de 0,59%; para março, de 0,68%.
Dados de exportações dos Estados Unidos mostram aumento nos volumes, o que tende a dar suporte às cotações. O relatório semanal indicou embarques de 1,92 milhão de toneladas.
No entanto, fatores de baixa acabaram pesando mais no movimento do dia. A Granar menciona que o ritmo de colheita da safra no meio-oeste americano está acelerado. O trabalho de campo passou de 7% para 11% da área nas duas últimas semana. A proporção continua inferior à do ano passado (13%), mas em linha com a média das últimas cinco safras (11%).
O Barchart considera a possibilidade de o mercado de milho ter sofrido efeitos do movimento do trigo, também negativo em Chicago. (veja abaixo)
Os operadores do mercado futuro estão na expectativa da divulgação de números de estoques americanos, pelo USDA. Estimativas do setor privado, divulgadas pela Bloomberg, mencionadas pelo Barchart, variam de 1,26 bilhão e 1,45 bilhão de bushels, com uma média de 1,33 bilhão.
Trigo
No trigo, o contrato para dezembro de 2025 caiu 1,38%, cotado a US$ 5,19 por bushel. Para março de 2026, o cereal fechou o dia valendo US$ 5,38 por bushel, desvalorização de 1,24%. Em uma semana, os dois contratos acumularam baixas de 0,67% e de 0,65%, respectivamente, conforme o Valor Data.
Na avaliação da consultoria Granar, as informações que pressionaram os preços na sessão vêm da Europa. A valorização do dólar em relação ao euro tira competitividade das exportações americanas em relação às europeias, em um cenário de oferta global considerada abundante.
Estimativas da Comissão Europeia apontam para a maior safra nos países do bloco nos últimos dez anos, no ciclo 2025/26. E, na Rússia, a consultoria SovEcon ajustou para baixo sua previsão de exportações do cereal do país (Globo Rural)