Preço atual do café testa a paciência do consumidor, diz empresa italiana

Diretor executivo da Lavazza culpa especulação sobre preço do produto pelo aumento da bebida.

A tolerância dos consumidores aos preços crescentes do café está no limite, alertou o diretor executivo da torrefadora italiana Lavazza, culpando o aumento do custo da matéria-prima pela especulação nos mercados financeiros.

“Quando vejo três, quatro libras (R$ 23,01 ou R$ 30,68) por um espresso em Londres, ou oito libras (R$ 61,36) por um cappuccino em Nova York… vejo o limite”, afirmou Antonio Baravalle.

“É como quando você vê o mercado da Bolsa de Valores de Nova York subindo, subindo, subindo e você diz que mais cedo ou mais tarde ele vai colapsar, afirma Antonio Baravalle, diretor executivo da Lavazza.

Os preços futuros do café dispararam desde o início do ano passado, com grãos de arábica de alta qualidade atingindo um recorde de US$ 4,39 (R$ 25,77) por quilo em fevereiro. No entanto, eles caíram acentuadamente este mês para abaixo de US$ 3,45 (R$ 20,25) em meio a temores de que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, reduzam a demanda.

Baravalle afirmou que as altas de preços foram impulsionados em parte pela especulação no mercado, com restrições de oferta resultantes de condições climáticas voláteis também influenciando.

“A mudança climática será um problema em nossa categoria —mas no médio a longo prazo, não um problema para 2025”, comentou, acrescentando que as previsões de produção do Brasil, o maior produtor mundial de grãos de arábica, eram positivas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) alertou em um relatório no mês passado que os preços de exportação do café podem subir ainda mais este ano.

El Mamoun Amrouk, economista sênior da FAO, disse que o mau tempo no ano passado no Brasil e no Vietnã, o maior produtor de grãos robusta que são mais baratos, criou “a tempestade perfeita” para a indústria.

Ele acrescentou que as evidências mostraram que “tais eventos climáticos extremos serão frequentes a longo prazo” devido à mudança climática, o que resultaria em “aumentos frequentes nos preços em comparação com o passado”.

A Lavazza, que também possui a marca francesa de café Carte Noire e a dinamarquesa Merrild, informou este mês que os lucros líquidos aumentaram 20,6% para 82 milhões de euros (R$ 545,92 milhões) no ano passado, com receitas que subiram 9,1% para 3,35 bilhões de euros (R$ 22,3 bilhões).

A empresa provavelmente será afetada pelas tarifas de 20% de Trump sobre bens importados pelos EUA da UE. A Lavazza obtém 400 milhões de euros (R$ 2,66 bilhões) por ano em vendas nos EUA e, embora tenha começado a mover a torrefação e embalagem para o país em 2022, metade do café que vende lá é importado da Itália.

Baravalle disse que levaria dois anos para construir capacidade adicional de produção nos EUA. A margem de lucro do grupo encolheu para 9,3% em uma base de ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização, de 11 a 12% há três anos, comentou Baravalle ao Financial Times.

“Isso é muito dinheiro”, afirmou o diretor executivo, acrescentando que a compressão da margem reduziu os lucros entre 70 milhões de euros a 100 milhões de euros (R$ 466,03 milhões a R$ 665,76 milhões) ao longo de três anos. “Por quê? Porque decidimos não mudar nossas misturas e decidimos absorver parcialmente o custo das matérias-primas.”

Muitos produtores de café compraram variantes mais baratas de grãos para compensar alguns dos aumentos de preços.

As empresas repassaram o restante da inflação de custos aos consumidores, que reduziram seu consumo de café como uma consequência. A Lavazza disse que isso resultou em “uma redução média do mercado global de café de aproximadamente 3,5% nos últimos dois anos”.

Baravalle afirmou que esperava que as vendas caíssem ainda mais em 2025, à medida que a inflação do café persistisse, mas que a empresa não havia iniciado demissões ou reduzido seus esforços de marketing e pesquisa para cortar custos.

A Lavazza anunciou este mês o lançamento de uma cápsula sem embalagem feita inteiramente de café. Produtos para consumo doméstico, incluindo cápsulas e pacotes de café moído, representam 55% das receitas do grupo, mas as vendas não se mantiveram tão bem quanto as ofertas “fora de casa” da Lavazza (Financial Times)

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