Plantio direto cresce e eleva custos de produção, diz pesquisadora

Uso crescente de herbicidas para controlar ervas daninhas gera impacto na conservação do solo.

O avanço da área com plantio direto no Brasil cresceu, em média, 11% ao ano entre 1993 e 2023. Esse aumento foi acompanhado pelo uso de herbicidas, que avançou no mesmo ritmo, de acordo com levantamento do Instituto Escolhas.

“Essa prática foi revolucionária para o avanço da soja. Por outro lado, tem que lidar com as consequências, como o crescimento das plantas daninhas”, afirmou Juliana Luiz, gerente de pesquisa do Instituto Escolhas.

A pesquisadora acrescentou que o uso crescente de herbicidas para controlar ervas daninhas eleva os custos de produção e gera impacto na conservação do solo. Disse ainda que vivemos um “novo normal”, que é uma agricultura com adversidades climáticas – secas, veranicos, enchentes etc – , e para enfrentar esse novo normal é necessário adotar modelos produtivos sustentáveis e rentáveis.

Reginaldo Minaré, diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (Abbins), disse que a indústria química precisa se reinventar para se adaptar a um mercado que demanda cada vez mais bioinsumos. Ele também defendeu modernizações nas áreas de fertilizantes, máquinas e equipamentos e adaptações nos currículos das universidades, levando em conta os avanços da agricultura regenerativa.

Sebastião Pedro da Silva Neto, chefe-geral da Embrapa Cerrados, afirmou que o Brasil possui soluções tecnológicas para esse novo modelo de agricultura. “O modelo que nos trouxe até aqui, com uso de defensivos químicos, pode ser substituído gradativamente por um modelo de base biológica, baseado em processos, que vão ser, muitos deles, produzidos dentro das propriedades”, afirmou Silva.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Cerrados, é possível usar a biodiversidade tropical a favor do agronegócio brasileiro, selecionando microrganismos que possam ajudar a melhorar a saúde do solo e a produtividade das commodities.

Para Eduardo Martins, presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas), a adoção de práticas regenerativas, como o uso de bioinsumos em substituição aos defensivos e fertilizantes convencionais, reduz custos e aumenta a autonomia e independência em relação às importações de insumos.

Ele acrescentou que as práticas regenerativas protegem mais o solo contra os efeitos das mudanças climáticas, reduzindo, por exemplo, as erosões causadas pelas chuvas.

Martins defendeu a criação de parâmetros para delimitar a agricultura regenerativa tropical, e com esses parâmetros lidar melhor com a demanda. O executivo disse ainda que o país precisa enfrentar a questão do desmatamento.

“Não adianta ficar só ajustando o Código Florestal se não implementar de fato. A gente tem que associar a questão ambiental com a fundiária, lidar com as áreas já consolidadas e encontrar soluções regionais para esses problemas, com lógicas compensatórias”, afirmou Martins.

Os executivos participaram do evento “A soja e os desafios da transição da agricultura brasileira”, realizado pelo Instituto Escolhas e o Correio Braziliense, em Brasília, com transmissão online (Globo Rural)

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